PT pede auditoria sobre relações financeiras com o GES e o BES

Conselho de administração da PT quer analisar aplicações feitas pela empresa no Grupo Espírito Santo (GES) nos últimos anos.

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A PT e o BES são parceiros estratégicos há 14 anos Foto: João Gaspar (arquivo)

Num comunicado divulgado nesta quinta-feira, a PT revelou que o CA da PT “mandatou directamente a PriceWaterhouseCoopers(PwC) para analisar, de forma independente, os procedimentos e actos relativos a este assunto [o investimento em 900 milhões de euros de papel comercial da Rioforte tornado público no final de Junho] até à data”.

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Num comunicado divulgado nesta quinta-feira, a PT revelou que o CA da PT “mandatou directamente a PriceWaterhouseCoopers(PwC) para analisar, de forma independente, os procedimentos e actos relativos a este assunto [o investimento em 900 milhões de euros de papel comercial da Rioforte tornado público no final de Junho] até à data”.

A PT quer ainda que a PwC realize “uma análise abrangente de todos os aspectos relevantes relacionados com as aplicações de tesouraria em entidades do Grupo Espírito Santo”.

Os membros do conselho de administração da PT querem esclarecimentos sobre os moldes em que se realizaram os investimentos da PT no GES e se houve alguma falha na forma como esses investimentos foram reportados ao conselho, apurou o PÚBLICO.

A notícia foi avançada pelo Expresso, que dá conta de um pedido de auditoria forense, o tipo específico de auditoria destinado a perceber se há algum indício de crime. Segundo o Expresso, o objectivo do conselho de administração da PT é perceber se houve alguma irregularidade nas aplicações de tesouraria realizadas pela empresa no GES ao longo destes anos. A administração da PT nunca refere o termo forense, mas esta não é uma auditoria corrente, destinada a validar as contas que são apresentadas aos accionistas. Em contrapartida, as auditorias forenses realizam-se quando há dúvidas ou situações que levantam suspeitas que precisam de ser esclarecidas, que é o que a PT pretende.

A PT aplicou este ano quase 900 milhões de euros em títulos de papel comercial da Rioforte, holding não financeira do GES, que entretanto pediu a insolvência. O incumprimento da Rioforte obrigou a rever os termos da fusão com a Oi e a participação dos accionistas da PT na nova empresa viu-se reduzida de 38% para 25,6%.

Adicionalmente, ficou definido que a dívida da Rioforte seria transferida da Oi para a PT SGSP, à qual ficam expostos apenas os accionistas da PT.

O objectivo é que as primeiras conclusões da auditoria estejam prontas a tempo da assembleia-geral de accionistas da PT destinada a votar estes novos termos do acordo de fusão, que deverá realizar-se em Setembro.

A operadora, que levantou 128 milhões de euros em depósitos do BES antes da intervenção do Banco de Portugal, ainda não esclareceu o mercado quanto ao impacto da sua exposição de 2% ao "BES mau".