Universidade do Porto duplamente distinguida com Prémios Grünenthal

Os investigadores Ana Coelho e Luís Azevedo conseguiram galardões de 7500 euros. Prémios Grünenthal distinguem trabalhos no âmbito da investigação em dor

Fotogaleria

Os prémios 2013 da Fundação Grünenthal distinguiram duas investigações da Universidade do Porto, uma sobre alívio da dor pélvica associada à cistite e outra que avalia o recurso aos serviços de saúde em casos de dor crónica.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os prémios 2013 da Fundação Grünenthal distinguiram duas investigações da Universidade do Porto, uma sobre alívio da dor pélvica associada à cistite e outra que avalia o recurso aos serviços de saúde em casos de dor crónica.

Em comunicado enviado à Lusa, a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) anuncia que o estudo "Dor crónica e utilização de serviços de saúde - Poderá existir sobreutilização de exames complementares de diagnóstico e iniquidades na utilização de tratamentos não-farmacológicos" foi distinguido com o Prémio de Investigação Clínica, no valor pecuniário de 7.500 euros. Já o Prémio de Investigação Básica, com o mesmo valor, foi atribuído ao trabalho "Administração intratecal de toxina botulínica do tipo A melhora o funcionamento da bexiga e reduz a dor em ratos com cistite".

Criados em 1999 pela Fundação Grünenthal, estes galardões "constituem o prémio de mais alto valor anualmente distribuído em Portugal, no âmbito da investigação em dor", adianta a FMUP. Segundo o comunicado, a investigação distinguida com o Prémio de Investigação Básica revelou que a administração da toxina botulínica do tipo A "directamente no sistema nervoso central permite que ela actue de forma eficiente sobre os neurónios sensitivos, resultando numa diminuição da dor pélvica, associada a uma melhoria do funcionamento da bexiga".

A investigadora principal deste estudo, Ana Coelho, de 28 anos, explica que a investigação premiada teve como "objectivo avaliar se a injecção daquela toxina na medula espinhal era capaz de diminuir a dor a animais com cistite como modelo de dor visceral. A cistite intersticial é uma patologia que se caracteriza por uma forte dor na zona pélvica associada a um aumento da necessidade de urinar.

No futuro, concluiu a investigadora, "a translação deste efeito para o humano poderá ajudar a tratar não só a dor pélvica mas também outros tipos de dor intratável, tais como a dor associada a determinadas neoplasias", lembrando que "para alguns doentes nenhum tratamento é eficaz e a dor torna-se insuportável podendo mesmo levar à remoção cirúrgica da bexiga".

O outro trabalho distinguido conseguiu "descrever para a população portuguesa, pela primeira vez, os padrões de utilização de serviços de saúde associados à dor crónica, nomeadamente, tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos, seguimento", explica o investigador principal Luís Azevedo.

O investigador de 38 anos adianta que se observou "uma utilização muito significativa de serviços de saúde associados à dor crónica" e que "foi possível descrever a eventual existência de sobreutilização de testes diagnósticos e iniquidades na utilização de tratamentos não-farmacológicos". Luís Azevedo concluiu que "no futuro este estudo poderá vir a constituir-se como uma ferramenta chave para o desenvolvimento de políticas de saúde nesta área e serviu de base para uma avaliação do impacto económico da dor crónica em Portugal".

A Fundação Grünenthal é uma entidade sem fins lucrativos que tem por fim primordial a investigação e a cultura científica na área das ciências médicas, com particular dedicação ao âmbito da dor e respectivo tratamento.