Vale a pena?

O Campeonato, a “Copa”, entrou mal e saiu pior.

Até à última hora as coisas não estavam prontas. Operários morreram por causa da pressa e da falta de segurança. Nas cidades problemáticas, como o Rio e São Paulo, a polícia e o Exército andaram a limpar as ruas para dar algum conforto aos turistas, que de maneira geral não deram. O Campeonato, a “Copa”, entrou mal e saiu pior. Dilma queria um triunfo de prestígio e glória para o “novo” Brasil (e votos para a eleição de Outubro). Erro dela.

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Até à última hora as coisas não estavam prontas. Operários morreram por causa da pressa e da falta de segurança. Nas cidades problemáticas, como o Rio e São Paulo, a polícia e o Exército andaram a limpar as ruas para dar algum conforto aos turistas, que de maneira geral não deram. O Campeonato, a “Copa”, entrou mal e saiu pior. Dilma queria um triunfo de prestígio e glória para o “novo” Brasil (e votos para a eleição de Outubro). Erro dela.

Para compensar isto a selecção devia ser deslumbrante. Infelizmente não era e chegou com dificuldade às meias-finais. No que, de resto, não se distinguiu. O futebol deste campeonato, apesar da fantasia dos peritos, irritou e maçou muitos milhões de pessoas. Não apareceram equipas com imaginação, nem jogadores de génio. Apareceu um extraordinário cuidado defensivo e correrias que em 90 por cento dos casos não levavam a nada ou, pelo menos, de que não se percebia a necessidade e o propósito. Assistir àquilo era como assistir a uma “liga” europeia de segunda classe: um trabalho honesto para cumprir calendário e não desiludir os “sócios”. O público moído e cansado lá ia aturando o espectáculo com o entusiasmo obrigatório de um Carnaval falhado e triste.

Dizem que a derrota do Brasil humilhou e vexou os brasileiros. O que não se compreende. Não se tratou, no fundo, de uma derrota do futebol brasileiro. Com uma ou outra excepção, a esmagadora maioria da equipa jogava (e joga) na Europa. Educada na Europa, habituada aos métodos da Europa, criada de facto na Europa, não podia de repente inventar um “brasileirismo” que não conhecia. As surpresas de antigamente vinham de uma ignorância mútua, que já não existe. Agora joga tudo minha gente em Inglaterra, em Espanha, na Itália, na Alemanha ou, quando muito, na Rússia e na Turquia. As selecções são feitas pegando num homem aqui ou médio acolá, sem originalidade e tradições, para fabricar uma mixórdia donde sai o mesmo futebol pastoso que é igual em Kiev ou no Rio. Mas consta que a FIFA ganha muito dinheiro. Não vale a pena?