A confusão dos géneros

Não é difícil perceber que, mesmo assumindo com alguma elegância a origem teatral do material, este é o tipo de projecto que perde na transposição para o cinema

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 É uma história de descoberta do eu, da identidade própria e adulta, em modo de comédia de enganos à volta de um equívoco central: Guillaume quer tanto agradar à mãe que acaba por se encaixar no papel a que a família o parece ter condenado – o de um homossexual efeminado quando, na verdade, as coisas são muito menos simples e a identidade (sexual mas não só) não se fecha em gavetas dessa maneira.

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 É uma história de descoberta do eu, da identidade própria e adulta, em modo de comédia de enganos à volta de um equívoco central: Guillaume quer tanto agradar à mãe que acaba por se encaixar no papel a que a família o parece ter condenado – o de um homossexual efeminado quando, na verdade, as coisas são muito menos simples e a identidade (sexual mas não só) não se fecha em gavetas dessa maneira.

Gallienne é um actor extraordinário (pode-se, até, confirmar com o que ele faz no chatinho Yves Saint-Laurent que acaba de estrear), e não poucos dos episódios que constroem A Mamã, os Rapazes e Eu! são bastante divertidos. Mas não é difícil perceber que, mesmo assumindo com alguma elegância a origem teatral do material, este é o tipo de projecto que perde na transposição para o cinema: a dimensão fantasista de um actor entregue ao faz-de-conta de se desmultiplicar em infinitas personagens num cenário vazio não “passa”, tornando demasiadas vezes o que devia ser comédia sensível em farsa descabelada, e o convencionalismo da mise-en-scène (apesar dos rasgos ocasionais) não a sabe compensar. Ainda assim, é um objecto curioso.