Afinal, os dinossauros tinham sangue frio ou quente? Meso

Estudo publicado na revista Science diz que os dinossauros são mesotérmicos.

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Serem mesotérmicos terá permitido aos dinossauros tornarem-se predadores perigosos Sergey Krasovskiy/Handout via Reuters

Num estudo liderado pelo ecologista John Grady, da Universidade do Novo México, e cujos resultados foram publicados nesta sexta-feira na revista Science, foram examinados os níveis de crescimento e os valores do metabolismo de cerca de 400 animais vivos e extintos. A conclusão foi esta: os dinossauros não tinham sangue frio nem quente, mas sim um meio-termo.

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Num estudo liderado pelo ecologista John Grady, da Universidade do Novo México, e cujos resultados foram publicados nesta sexta-feira na revista Science, foram examinados os níveis de crescimento e os valores do metabolismo de cerca de 400 animais vivos e extintos. A conclusão foi esta: os dinossauros não tinham sangue frio nem quente, mas sim um meio-termo.

Os répteis como os lagartos, as cobras ou as tartarugas são de sangue frio: a sua temperatura corporal depende do ambiente em que vivem. Os pássaros e os mamíferos, por outro lado, têm sangue quente, auto-regulando a sua temperatura.

Os dinossauros são classificados como répteis e, por isso, durante muito tempo os cientistas acreditaram que teriam sangue frio, com metablismos lentos. No entanto, as aves, descendentes dos dinossauros, com o seu sangue quente, metabolismo rápido e vida activa, levantaram a questão: de que lado estariam os dinossauros, afinal?

Para encontrar a resposta, um grupo de investigadores pôs em marcha um novo método de análise do metabolismo dos animais e descobriu que os dinossauros se situavam num meio-termo. Os cientistas avaliaram a taxa de crescimento de animais de 381 espécies diferentes (21 eram de dinossauros), desde o nascimento à idade adulta, analisando não só os anéis de crescimento dos ossos (um processo semelhante ao das árvores), mas também a maneira como esses ossos estavam depositados em camadas nos fósseis. E estabeleceram relações entre o crescimento e o metabolismo, comparando com outras espécies, de sangue frio e quente, extintas ou não. Os mamíferos de sangue quente que crescem dez vezes mais rápido que os répteis de sangue frio têm, por norma, um metabolismo dez vezes mais rápido também. 

Quando John Grady e a equipa de investigadores avaliaram a velocidade a que os dinossauros cresciam, descobriram que estes não eram semelhantes nem aos mamíferos nem aos répteis. Os dinossauros seriam mesotérmicos (temperatura média). O meio-termo aponta para que os dinossauros pudessem por vezes auto-regular a temperatura mediante as condições externas, mas não mantê-la. Poderão ter sido mesmo as primeiras espécies a desenvolver este tipo de metabolismo.

Num estudo publicado em Fevereiro, investigadores da Universidade de Mainz, na Alemanha, já colocavam os dinossauros a meio da tabela de crescimento que estudavam na altura. "Pessoalmente, não acho estes resultados muito surpreendentes", disse Paul Barret, do Museu de História Natural de Londres, citado pela BBC. Mas ficou impressionado, isso sim, com a relação estabelecida com os níveis do metabolismo.

Actualmente, animais com essas características intermédias são raros, mas existem. O grande tubarão branco ou o atum são mesotérmicos, gerando calor suficiente para se aquecerem no seu ambiente. Mas, tal como os répteis hoje, não conseguem manter essa temperatura. Já o tamanho do corpo pode influenciar a mesotermia, uma vez que os animais maiores conseguem conservar mais facilmente o calor. "Nós trememos quando temos frio e isso gera calor", explicou John Grady à revista Science, mostrando que os endotérmicos (sangue quente) podem aumentar o seu metabolismo para aquecer: "Os mesotérmicos têm condições para conservar esse calor, mas não têm esse comportamento. Ao contrário de nós, não aumentam o metabolismo para permanecerem quentes". 

Serem mesotérmicos terá permitido aos dinossauros moverem-se, crescerem e reproduzirem-se mais rapidamente do que os seus parentes répteis de sangue frio, tornando-os predadores perigosos. Por outro lado, o baixo metabolismo dos dinossauros fez com que necessitassem de menos comida para sobreviver. 

A esperança é agora que as descobertas em relação aos dinossauros ajudem a entender melhor a evolução dos animais de sangue quente, como os humanos. "As origens da endotermia nos mamíferos e nas aves são pouco claras", diz John Grady. Estudar os seus antepassados pode trazer mais respostas.