Um em cada cinco portugueses tem atitudes antisemitas

Mais de metade dos inquiridos num estudo considera que judeus são mais leais a Israel do que a Portugal

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Em Portugal vivem actualmente cerca de 3 mil judeus (Censos 2011) Paulo Pimenta (arquivo)

Promovido por uma organização norte-americana de luta contra o antissemitismo, a Anti-Defamation League, o estudo foi feito em 101 países e na Cisjordânia e Faixa de Gaza através de 53.100 entrevistas telefónicas e presenciais e é apresentado como o primeiro inquérito global para aferir o nível e a intensidade da hostilidade contra judeus. Os inquiridos foram confrontados com 11 estereótipos tradicionalmente associados aos judeus a que tinha que responder "verdadeiro" ou "falso" e seis respostas "verdadeiras" classificavam automaticamente o inquirido como tendo atitudes antissemitas.

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Promovido por uma organização norte-americana de luta contra o antissemitismo, a Anti-Defamation League, o estudo foi feito em 101 países e na Cisjordânia e Faixa de Gaza através de 53.100 entrevistas telefónicas e presenciais e é apresentado como o primeiro inquérito global para aferir o nível e a intensidade da hostilidade contra judeus. Os inquiridos foram confrontados com 11 estereótipos tradicionalmente associados aos judeus a que tinha que responder "verdadeiro" ou "falso" e seis respostas "verdadeiras" classificavam automaticamente o inquirido como tendo atitudes antissemitas.

Em Portugal, considera o estudo, dos 8,6 milhões de adultos, 1,8 milhões (21%) manifestaram atitudes antissemitas, sendo estas mais frequentes nos homens (22%) e na população com mais de 35 anos. Mais de metade dos inquiridos portugueses (56%) consideram que os judeus são mais leais a Israel do que a Portugal, mas apenas 11% consideram que as acções de Israel influenciam a opinião que têm sobre os judeus. Destes, mais de 60% sustentam que Israel piora a imagem que têm dos judeus.

Cerca de metade dos inquiridos afirma, no entanto, ter boa ideia quer de Israel (49%), quer da Palestina (44%). Os portugueses consideram ainda que os judeus têm demasiado poder nos negócios (43%) e demasiada influência nos mercados financeiros (43%). Quase metade dos inquiridos acha que os judeus continuam a falar demasiado no Holocausto (49%), um acontecimento reconhecido por 87% dos portugueses, que consideram que o número de judeus que morreu foi descrito de forma fiável pela história. Mais de 10% consideram que o número de judeus mortos foi "largamente exagerado", 11% nunca tinha ouvido falar do Holocausto, que para 1% não passa de um mito.

Os judeus só se preocupam com eles (26%), controlam os negócios mundiais (21%), controlam o governo dos Estados Unidos (23%), pensam que são melhores que todos (21%), controlam os media (17%), são responsáveis pela maioria das guerras (15%) e são odiados pelo seu comportamento (25%) foram outros estereótipos apresentados aos inquiridos. Mais de metade (51%) considera que os judeus são bem tratados em Portugal e 34% afirmam não existir violência contra judeus no país.

O estudo analisa ainda a atitude dos portugueses em relação à generalidade dos grupos religiosos com aos cristãos a registarem a larga maioria das opiniões favoráveis (82%). Os restantes grupos religiosos são geralmente bem vistos pelos portugueses, com os muçulmanos a registarem a maior percentagem de opiniões negativas (22%). A nível mundial, a percentagem de população inquirida que revela atitudes antissemitas é de 26% e quase metade nunca ouviu falar do Holocausto, sendo que 32% consideram tratar-se de um mito.

A Cisjordânia e a Faixa de Gaza com 93% de respostas verdadeiras aos 11 estereótipos encabeçam o índice, seguidas dos países do Médio Oriente e da África do Norte (Iraque, Iémen, Argélia, Líbia, Tunísia). Na Europa, a Grécia é o país mais antissemita (69%) e a Suécia o menos (4%). Portugal surge no índice melhor classificado do que a Espanha (29%) e a França (37%).

Três em cada 10 pessoas pensam que os judeus representam entre 1 e 10% da população mundial, enquanto a cifra real se situa nos 0,19%. Em Portugal vivem actualmente cerca de 3 mil  judeus (Censos 2011).