Muita participação e poucos incidentes nas presidenciais afegãs

Dois mortos e quatro feridos em explosões isoladas. Ameaças taliban parecem não ter condicionado eleitores, pelo menos nas zonas urbanas.

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Os dois ataques isolados não impediram que as primeiras horas de uma eleição que os taliban prometeram perturbar tenham decorrido de um modo globalmente pacífico. A Comissão Eleitoral estima que tenham votado sete milhões de pessoas, cerca de 58% da população, bem mais do que os 30% que participaram nas últimas presidenciais, em 2009.

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Os dois ataques isolados não impediram que as primeiras horas de uma eleição que os taliban prometeram perturbar tenham decorrido de um modo globalmente pacífico. A Comissão Eleitoral estima que tenham votado sete milhões de pessoas, cerca de 58% da população, bem mais do que os 30% que participaram nas últimas presidenciais, em 2009.

Nas eleições de há cinco anos, vários ataques matinais condicionaram a afluência às urnas e contribuíram para a fraca participação.

Os boletins de voto acabaram em várias cidades e o encerramento das urnas teve de ser adiado por uma hora. "As pessoas não esperavam que tanta gente viesse votar", disse aos jornalistas Toryalai Wesa, governador de Kandahar, a grande cidade do Sul do Afeganistão. "Pensavam que a participação seria semelhante ao que tem sido e então mandaram menos boletins desta vez."

Em Cabul, centenas de pessoas esperaram em fila o momento de votar. “Vim votar para que possamos ter uma paz durável no país. Quero que o meu voto seja um estalo na cara dos talibans”, disse à AFP em Cabul Laila Neyazi, um mulher de 48 anos, coberta por uma burqa. “Não tenho medo dos taliban, e terei sempre de morrer de uma maneira ou de outra.”

Face às ameaças taliban, centenas de milhares de polícias e soldados foram mobilizados para procurarem garantir a tranquilidade do processo - com 350 mil membros das forças da segurança envolvidos, trata-se da maior operação militar no país desde o derrube dos taliban, no final de 2011.

O sucessor de Karzai será escolhido entre oito candidatos numa eleição que, pelo menos formalmente, será a primeira transição democrática na história do Afeganistão. Com as tropas da NATO de partida, quase tudo no futuro mais próximo do Afeganistão depende destas presidenciais. O processo será demorado e temem-se fraudes – calcula-se que haja 12 milhões de eleitores, mas desde 2004 foram distribuídos 21 milhões de cartões de eleitor.

A missão de observadores da União Europeia denunciou a suspensão por parte das autoridades do serviço de SMS durante a eleição, que diz minar o trabalho dos observadores e constituir um "risco" para a "transparência" das eleições. "A mim isto inquieta-me muito porque os observadores não podem comunicar entre eles facilmente sobre o que se está a passar em cada centro de voto", disse o chefe da missão, Thijs Berman.

Os três candidatos considerados favoritos são Abdullah Abdullah, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, derrotado nas últimas presidenciais; Ashraf Ghani, ex-ministro das Finanças, que trabalhou no Banco Mundial; e Zalmai Rassoul, médico pessoal do último rei afegão e que foi até há pouco tempo conselheiro para a segurança nacional de Karzai

A comissão eleitoral não prevê divulgar os resultados provisórios antes de 24 de Abril e, em caso de necessidade, a segunda volta acontecerá a 28 de Maio.