Donos do restaurante Shis, no Porto, propõem rescisão aos trabalhadores
Espaço destruído pelo mar em Janeiro pode afinal não reabrir, ao contrário do que tinha sido apontado na altura.
"Numa reunião realizada na quinta-feira com os trabalhadores, surpreendentemente, a gerência da empresa propôs um acordo de cessação dos contratos de trabalho aos trabalhadores com pagamento de três salários e o modelo para o desemprego, alegando que a companhia de seguros não desbloqueou as verbas necessárias para os salários", revelou esta segunda-feira o Sindicato da Hotelaria do Norte, em comunicado divulgado pela Lusa.
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"Numa reunião realizada na quinta-feira com os trabalhadores, surpreendentemente, a gerência da empresa propôs um acordo de cessação dos contratos de trabalho aos trabalhadores com pagamento de três salários e o modelo para o desemprego, alegando que a companhia de seguros não desbloqueou as verbas necessárias para os salários", revelou esta segunda-feira o Sindicato da Hotelaria do Norte, em comunicado divulgado pela Lusa.
Para o Sindicato da Hotelaria do Norte, a proposta "é inaceitável para os trabalhadores", porque não prevê o pagamento dos "demais direitos bem como das indemnizações devidas". Mais, a estrutura sindical adianta que os donos do restaurante não pagaram os salários de Fevereiro" aos 43 trabalhadores, aos quais deve ainda, acrescenta, “parte dos subsídios de férias e do Natal".
A intenção de cessar o vínculo com os trabalhadores, alguns dos quais na empresa há sete anos, contraria o que fora expresso nos dias seguintes ao temporal. O seguro garante um valor de cerca de dois milhões de euros para limpeza dos estragos, reconstrução e cobertura de lucros cessantes – que inclui o valor a pagar aos empregados. Em Janeiro, fonte da sociedade explicava ao PÚBLICO que os valores em causa dariam para aguentar os postos de trabalho até à reabertura, que aconteceria até ao Verão.
Agora os trabalhadores receiam que o gerente do restaurante “não reabra o estabelecimento", acrescenta o sindicato, que garante ainda que se a gerência do Shis não se comprometer a respeitar os direitos dos funcionários, "estes vão adoptar formas de luta e serão accionados os mecanismos legais". O PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar telefonicamente Ricardo Campos Costa, sócio-gerente da empresa que detém também um restaurante no Passeio dos Clérigos.
Contactado pela Lusa, o presidente do sindicato, Francisco Figueiredo, disse não ter conhecimento de outros bares ou restaurantes situados na costa da zona do Grande Porto e atingidos pelo mau tempo nos quais que tenham sido colocados em causa postos de trabalho. "O Shis era o único que funcionava a tempo inteiro, durante todo o ano e foi afectado de forma grave. O mais comum noutros espaços é o recurso ao trabalho sazonal", explicou o sindicalista.