BE diz que apoio estrangeiro ao Manifesto dos 70 deixa Governo "mais isolado"

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Mariana Mortágua diz que a posição do Governo não faz sentido Enric Vives-Rubio

“Este manifesto de apoio [ao manifesto assinado por] personalidades portuguesas vem confirmar a ideia de que o Governo está cada vez mais isolado nesta sua ideia radical e irresponsável de que pode pagar a dívida nos termos nas condições a que se propõe”, diz Mariana Mortágua.

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“Este manifesto de apoio [ao manifesto assinado por] personalidades portuguesas vem confirmar a ideia de que o Governo está cada vez mais isolado nesta sua ideia radical e irresponsável de que pode pagar a dívida nos termos nas condições a que se propõe”, diz Mariana Mortágua.

“É matematicamente impossível” para Portugal cumprir o pagamento da dívida, defende a deputada do Bloco de Esquerda, sublinhando que este não é só um entendimento do partido que representa, mas de várias personalidades que, em Portugal, já disseram que “não vale a pena sacrificar o crescimento da economia, o bem-estar das pessoas, os salários, as pensões e o bem-estar social em nome de uma dívida que vai estar sempre maior”.

“Vamos estar sempre a correr atrás de uma ‘senhora’ que está sempre cada vez mais longe”, frisa Mariana Mortágua, lembrando que, hoje, um conjunto de economistas internacionais e professores de economia de diversas universidades confirmam essa ideia.

Mariana Mortágua critica ainda o primeiro-ministro por ter desvalorizado o Manifesto dos 70 como se o documento tivesse sido feito por “gente de má vontade contra o Governo”, mas alertou ser altura de Pedro Passos Coelho “olhar as condições que tem”.

“É tempo de o Governo olhar as condições que tem, os números que tem à frente e perceber que se trata de um conjunto de pessoas de diversos quadrantes que se está a unir para o fazer ver esta evidência e render-se à realidade”, sublinha.

Mariana Mortágua acrescenta ainda que não faz sentido o Governo insistir no “dogma radical” que é o “pagamento da dívida” e “sacrificar o país a um objectivo que não é realizável”, frisando que o Presidente da República já explicou que se trata de um “plano de empobrecimento do país”.

“Quando o próprio Presidente da República avança com os números necessários ao pagamento da dívida e vem avançar a necessidade de mais 35 anos, mais uma geração, de austeridade e empobrecimento para o pagamento desta dívida, é o próprio que abre as portas e expõe o plano que o Governo tenta esconder: isto é um plano de empobrecimento, não tem outra possibilidade e facilmente se compreende que um país mais pobre não consegue pagar a sua dívida”, referiu.

A deputada frisa também que o Manifesto teve uma “grande expressão em Portugal”, apesar de ter sido desvalorizado por Pedro Passos Coelho. “Foi desvalorizado pelo primeiro-ministro exatamente por isso, ele percebeu que há um consenso em torno da reestruturação”, considera.

O Manifesto dos 70, que apela à reestruturação da dívida pública recebeu o apoio de mais de 70 personalidades estrangeiras, na maioria economistas de renome internacional.