Primeiro-ministro malaio confirma que voo 370 foi desviado

Buscas passam para o Índico e Ásia Central. Pilotos e passageiros no centro da investigação, que passou a criminal.

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“Apesar de notícias sobre o avião ter sido sequestrado, quero ser muito claro: estamos a investigar todas as possibilidades sobre o que causou o desvio do voo 370”, frisou Najib Razak, citado pela Reuters, não afastando assim alternativas à possibilidade de desvio. Mas “até ao momento em que deixou a cobertura principal do radar militar, estes movimentos são consistentes com acção deliberada de alguém no avião”, disse.

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“Apesar de notícias sobre o avião ter sido sequestrado, quero ser muito claro: estamos a investigar todas as possibilidades sobre o que causou o desvio do voo 370”, frisou Najib Razak, citado pela Reuters, não afastando assim alternativas à possibilidade de desvio. Mas “até ao momento em que deixou a cobertura principal do radar militar, estes movimentos são consistentes com acção deliberada de alguém no avião”, disse.

Uma fonte do New York Times disse, porém, que a tese de desvio é a tese "oficial" neste momento.

Em conferência de imprensa, Najib Razak anunciou que o aparelho voou sete horas após ter sido detectado pela última vez nos radares e que as buscas no mar do Sul da China terminaram, podendo o Boeing 777 estar na Ásia Central, em regiões que podem chegar ao Cazaquistão e Turquemenistão ou entre a Indonésia e o sul do Oceano Índico. 

O desaparecimento do voo 370 da Malaysia Airlines intriga o mundo há uma semana, com sucessivas teorias sobre o que pode ter acontecido ao avião, que transportava 239 pessoas, a serem goradas pelas buscas. Agora, nesta conferência de imprensa, o chefe do Executivo malaio confirmou então que os movimentos do avião perdido indicam que os mesmos foram deliberados, afastando-o da sua rota prevista – Kuala Lumpur-Pequim - bem como que os sistemas de comunicações e localização foram desligados intencionalmente. 

Segundo cita a Reuters, os ditos movimentos do aparelho tê-lo-ão feito recuar e atravessado a Malásia rumo a Oeste – isto depois de os investigadores do caso terem dado conta do desaparecimento do voo 370 num radar militar, provavelmente depois de as comunicações do avião terem sido desligadas, quando este chegava à costa leste da Malásia. A área de buscas agora redefinida, que abarcará uma vasta região do norte da Ásia Central e no sul do Índico, resulta do último avistamento do avião, por um satélite, às 8h11 de dia 8 (hora malaia) – cerca de oito horas depois de ter levantado voo de Kuala Lumpur e sete horas depois de ter sido detectado pela última vez pelos controladores aéreos civis, um dado até agora desconhecido.

Estas conclusões, disse Najib Razak na mesma conferência de imprensa, citado pelo jornal britânico The Guardian, tinham já sido apuradas de forma independente por várias agências - não só as autoridades malaias, mas também a Federal Aviation Administration e o US National Transportation Safety Board dos EUA e o Aviation Accidents Investigation Branch britânico. Estas entidades, juntamente com o ministro dos Transportes malaio, formam a equipa de investigação deste acidente. 

Os investigadores estão focados na possibilidade de o piloto ou outra pessoa a bordo terem provocado o desvio do avião da sua rota, e o próprio primeiro-ministro disse na conferência de imprensa, citado pelo Guardian, que "à luz deste último desenvolvimento, as autoridades malaias redireccionaram o seu foco de investigação para a tripulação e passageiros a bordo". Esta manhã (tarde na Malásia), estão a decorrer buscas à casa do piloto do aparelho. Trata-se do capitão Zaharie Ahmad Shah, de 53 anos. A bordo seguia outro piloto, de 27 anos e que só há pouco tempo tinha completado a formação necessária para comandar o Boeing 777, um dos aviões comerciais mais seguros do mundo. 

Na conferência de imprensa deste sábado, o primeiro-ministro da Malásia acrescentou que um outro sistema de transmissão do avião que indica a sua altitude, localização ou velocidade parou de emitir dados quando o avião estava a atravessar o Golfo da Tailândia em direcção ao Vietname, escreve o New York Times. Isto aconteceu pouco depois de as comunicações do avião (o sistema ACARS) terem sido desactivadas. Os dois sistemas teriam deixado de emitir simultaneamente se o Boeing se tivesse despenhado ou explodido no ar, como assinala um perito norte-americano envolvido na investigação ao Washington Post.

Depois, segundo os dados captados pelo radar militar, o avião voou sobre o norte da Malásia até ao extremo norte do Estreito de Malaca, tendo estabilizado em velocidade de cruzeiro quando rumava ao Índico. Neste momento, de acordo com o diário Guardian, estão envolvidos nas buscas 14 países, 43 navios e 58 aviões. Mas dada a amplitude da nova zona de buscas, vários governos dos países da região estão a ser contactados para que possam ajudar, sabendo-se já que a Marinha indiana e norte-americanas estavam já envolvidas. Continua sem ser conhecida a quantidade de combustível que o Boeing 777 tinha a bordo, sendo que o voo até Pequim era directo e tinha uma duração inferior a seis horas. 

Já sexta-feira, a tese de que o avião tinha sido desviado, e por alguém com conhecimentos sobre pilotagem e navegação aérea, ganhava força visto que o radar secundário do aparelho terá sido desligado 12 minutos depois de o voo 370 ter levantado voo de Kuala Lumpur, de acordo com informações de investigadores à agência Associated Press. Em causa está um transmissor que emite a identidade do avião e a sua localização e que permite aos controladores de tráfego aéreo identificar exactamente qual o avião que estão a ver no radar. Também ontem, autoridades norte-americanas e investigadores próximos do caso revelaram que o aparelho sofreu várias alterações na sua altitude e rota, o que indiciava que o seu percurso estava a ser ditado por um piloto.

No momento em que começa não só uma nova fase da procura pelo avião desaparecido mas também a segunda semana sem respostas sobre o paradeiro do voo 370, o primeiro-ministro malaio resumiu o que foi a primeira semana de buscas, sob o olhar "impassível", como descreve o New York Times, do embaixador da China no seu país: "Conduzimos operações de busca em terra, no sul do Mar da Chiba, no Estreito de Malaca, no Mar de Andaman e no Oceano Índico. A cada etapa, agimos com base em informação verificada e seguimos cada pista credível. Às vezes, estas pistas não nos levaram a lado algum". 

Como lembra a agência Reuters, é raríssimo que um avião comercial que tenha atingido a velocidade de cruzeiro e que tenha problemas de qualquer tipo desapareça desta forma sem que seja encontrado poucas horas ou dias depois perto da sua última posíção conhecida. O Boeing 777 da Malaysia Airlines transportava 227 passageiros e 12 tripulantes, na sua maioria chineses.