Zorrinho diz que Passos tem “obsessão fanática” contra plano tecnológico e científico de Sócrates

Ex-líder parlamentar do PS diz que programa Novas Oportunidades era uma "iniciativa meritória", que o Governo desmantelou para "começar tudo de novo".

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Zorrinho diz que foi um erro acabar com o programa Novas Oportunidades Foto: Daniel Rocha

Carlos Zorrinho, ex-líder parlamentar do PS, falava na Assembleia da República, depois de na terça-feira o primeiro-ministro ter defendido que, em matéria de ciência e tecnologia, o actual Governo está gradualmente a "romper com as políticas passadas" baseadas na ideia de que "mais dinheiro público" produz "qualidade" em termos de resultados.

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Carlos Zorrinho, ex-líder parlamentar do PS, falava na Assembleia da República, depois de na terça-feira o primeiro-ministro ter defendido que, em matéria de ciência e tecnologia, o actual Governo está gradualmente a "romper com as políticas passadas" baseadas na ideia de que "mais dinheiro público" produz "qualidade" em termos de resultados.

"De facto, não é assim", alegou Passos Coelho, referindo-se às bolsas atribuídas pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta posição de Pedro Passos Coelho motivou uma dura reacção por parte de Carlos Zorrinho.

"O primeiro-ministro tem uma obsessão fanática contra tudo o que de positivo herdou do anterior Governo", declarou o dirigente socialista Carlos Zorrinho, acusando o actual executivo PSD/CDS de ter "arrasado" o plano tecnológico e de tentar "destruir o sistema científico" em Portugal.

De acordo com dados de estudos "independentes" citados por Carlos Zorrinho, o plano tecnológico desenvolvido a partir de 2005 era globalmente classificado como "muito positivo", mas o Governo "arrasou” com o plano.

No que toca ao programa Novas Oportunidades, Zorrinho referiu que se tratava de uma “iniciativa meritória”, de acordo com "peritos nacionais e internacionais, organizações como a OCDE, mas “o Governo desmantelou o programa”, disse.

“Agora (…) o primeiro-ministro vem dizer que está tudo errado e que quer começar tudo de novo contra a opinião da comunidade científica e contra a opinião do Conselho de Ciência e Tecnológica [órgão presidido pelo próprio primeiro-ministro] ", criticou o ex-secretário de Estado socialista.

Carlos Zorrinho advertiu depois o Governo que o sistema científico "não é um prédio que se possa destruir o fazer logo outro ao lado". "Mesmo que se pudesse fazer isso, tal seria uma atitude gratuita que lesaria o país. O PS apela ao primeiro-ministro que dialogue com a comunidade científica e com as empresas", disse o ex-líder parlamentar socialista.

Na conferência de imprensa, Carlos Zorrinho admitiu a necessidade de alguns "ajustamentos" a introduzir no sistema científico, mas recusou a ideia de Pedro Passos Coelho no sentido de que há alguma debilidade qualitativa nos resultados da aposta na investigação científica, designadamente ao nível de patentes registadas.

Neste ponto relativo ao actual estado do sistema científico, Carlos Zorrinho acusou o Governo de pretender "criar uma espécie de saco azul" nos apoios à ciência, tendo em vista "financiar apenas só quem quer". "O Governo quer ser o árbitro científico. Mas na ciência os árbitros são os cientistas", contrapôs o dirigente do PS.