Kalaf Ângelo: "Zé da Guiné foi o maior lisboeta que conheci"

Depoimento do músico dos Buraka Som Sistema

"Zé da Guiné foi o maior lisboeta que conheci. As suas histórias sobre a cidade assombravam-me e seduziam-me. Algumas tenho-as guardadas em formato áudio, tal qual tesouros recuperados de uma caravela naufragada ao golfo da Guiné. Ainda hoje ressoam em mim, a voz rouca e fragilizada, o riso de criança, que se prolongava até se tornar numa frequência, quase inaudível, mas totalmente inesquecível. Quando me distraio, lá está ele, em forma de verbo, imenso, transbordando para a minha folha de papel a sua urgência de viver, de criar, de dar mais e mais, como só ele sabia, porque só assim sabia existir.

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"Zé da Guiné foi o maior lisboeta que conheci. As suas histórias sobre a cidade assombravam-me e seduziam-me. Algumas tenho-as guardadas em formato áudio, tal qual tesouros recuperados de uma caravela naufragada ao golfo da Guiné. Ainda hoje ressoam em mim, a voz rouca e fragilizada, o riso de criança, que se prolongava até se tornar numa frequência, quase inaudível, mas totalmente inesquecível. Quando me distraio, lá está ele, em forma de verbo, imenso, transbordando para a minha folha de papel a sua urgência de viver, de criar, de dar mais e mais, como só ele sabia, porque só assim sabia existir.

O Zé da Guiné foi um desses homens musicais que só nascem de vez em quando. Não era músico, era antes uma canção, bela que só ela, cuja letra já poucos se recordam, mas cuja melodia muitos continuarão, ainda por muito, a assobiar."