Passos assume que queria meta do défice em 4,5%

Primeiro-ministro admite que não foi possível convencer a troika.

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Rui Gaudêncio

“Não foi o vice-primeiro-ministro que inventou, o Governo já o tinha proposto e esse valor foi prosseguido. Não fomos capazes de convencer a troika de que era possível estimular a economia, dada a desconfiança da troika que fosse interpretado como um sinal aos mercados”, afirmou, no debate quinzenal, em resposta ao líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Passos Coelho aproveitou para criticar a proposta do PS, que era negociar um défice de 5%, por não cumprir as regras europeias.

Reiterando a ideia ontem sublinhada por Paulo Portas, Passos Coelho assegurou que “não há mais medidas” de austeridade a acrescentar às que são conhecidas. “É preciso estar fora da realidade, esperar que o défice desça sem acrescentar medidas mais restritivas. Vamos manter a disciplina que vem de trás, mas não há mais medidas. Desse conjunto não executaremos uma que chegou a estar pensada e que foi substituída”, disse, referindo-se à TSU dos pensionistas. Jerónimo de Sousa tinha acusado o Governo de ter iludido o país no anúncio das conclusões da avaliação da troika. “O que foi feito ontem e hoje pelo Governo foi vender ilusões”, disse o líder comunista.

O secretário-geral comunista defendeu, por outro lado, que o actual nível de dívida é insustentável e citou a frase do Presidente da República sobre o masoquismo de quem defende essa ideia. Passos Coelho alinhou na mensagem de Cavaco Silva. “Citando o Presidente da República, é masoquismo. Se os nossos credores pensam que é sustentável porque nós havemos de pensar que assim não é?”, questionou, assegurando que a dívida “irá decrescer a partir de 2014” se Portugal cumprir os seus objectivos.

Ilusionismo foi também a palavra escolhida pela coordenadora do BE, Catarina Martins, para qualificar o anúncio das conclusões da avaliação da troika. “Em vez de termos corte, o Governo prefere compressão, mas é a mesma coisa. O que a ministra das Finanças disse ontem que o que valia para o Orçamento do Estado é o que está na carta de Maio à troika”, afirmou a deputada bloquista. Passos contrariou: “Não há número de ilusionismo nenhum. O filme que o Governo anunciou ao país é o que está a correr, não há outro”. Por isso, argumentou, o PS, o PCP e o Bloco “apontam a carta de Maio” dirigida à troika.

A insustentabilidade da dívida foi também defendida pelo Bloco de Esquerda, mas o primeiro-ministro voltou a rebater a ideia. “O Governo não entende que a dívida não seja pagável, ou seja, que é insustentável”, declarou, garantindo que se essa fosse a situação o executivo teria de tomar “medidas mais graves”.
 

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“Não foi o vice-primeiro-ministro que inventou, o Governo já o tinha proposto e esse valor foi prosseguido. Não fomos capazes de convencer a troika de que era possível estimular a economia, dada a desconfiança da troika que fosse interpretado como um sinal aos mercados”, afirmou, no debate quinzenal, em resposta ao líder do PCP, Jerónimo de Sousa. Passos Coelho aproveitou para criticar a proposta do PS, que era negociar um défice de 5%, por não cumprir as regras europeias.

Reiterando a ideia ontem sublinhada por Paulo Portas, Passos Coelho assegurou que “não há mais medidas” de austeridade a acrescentar às que são conhecidas. “É preciso estar fora da realidade, esperar que o défice desça sem acrescentar medidas mais restritivas. Vamos manter a disciplina que vem de trás, mas não há mais medidas. Desse conjunto não executaremos uma que chegou a estar pensada e que foi substituída”, disse, referindo-se à TSU dos pensionistas. Jerónimo de Sousa tinha acusado o Governo de ter iludido o país no anúncio das conclusões da avaliação da troika. “O que foi feito ontem e hoje pelo Governo foi vender ilusões”, disse o líder comunista.

O secretário-geral comunista defendeu, por outro lado, que o actual nível de dívida é insustentável e citou a frase do Presidente da República sobre o masoquismo de quem defende essa ideia. Passos Coelho alinhou na mensagem de Cavaco Silva. “Citando o Presidente da República, é masoquismo. Se os nossos credores pensam que é sustentável porque nós havemos de pensar que assim não é?”, questionou, assegurando que a dívida “irá decrescer a partir de 2014” se Portugal cumprir os seus objectivos.

Ilusionismo foi também a palavra escolhida pela coordenadora do BE, Catarina Martins, para qualificar o anúncio das conclusões da avaliação da troika. “Em vez de termos corte, o Governo prefere compressão, mas é a mesma coisa. O que a ministra das Finanças disse ontem que o que valia para o Orçamento do Estado é o que está na carta de Maio à troika”, afirmou a deputada bloquista. Passos contrariou: “Não há número de ilusionismo nenhum. O filme que o Governo anunciou ao país é o que está a correr, não há outro”. Por isso, argumentou, o PS, o PCP e o Bloco “apontam a carta de Maio” dirigida à troika.

A insustentabilidade da dívida foi também defendida pelo Bloco de Esquerda, mas o primeiro-ministro voltou a rebater a ideia. “O Governo não entende que a dívida não seja pagável, ou seja, que é insustentável”, declarou, garantindo que se essa fosse a situação o executivo teria de tomar “medidas mais graves”.