Rio de Janeiro aprova lei para proibir uso de máscaras em protestos

Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro aprovou projecto para evitar desacatos dos últimos meses. Cidadãos já protestam nas ruas contra a medida.

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As máscaras têm sido muito utilizadas como marca nos protestos brasileiros MARCOS BRINDICCI/REUTERS

A ideia do projecto aprovado no final do dia de terça-feira, segundo explica o jornal Globo na sua edição online, é evitar que as autoridades policiais tenham dificuldade em identificar os manifestantes. A ideia surgiu sobretudo depois de alguns desacatos como nas grandes manifestações dos últimos meses um pouco por todo o Brasil, que começaram em Março devido ao aumento do preço dos transportes públicos mas que rapidamente se estenderam a outras áreas como as más condições dos serviços públicos e a corrupção. Em alternativa as pessoas que estiverem a protestar com a cara tapada terão obrigatoriamente de se identificar às autoridades ou serão levadas para a esquadra.

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A ideia do projecto aprovado no final do dia de terça-feira, segundo explica o jornal Globo na sua edição online, é evitar que as autoridades policiais tenham dificuldade em identificar os manifestantes. A ideia surgiu sobretudo depois de alguns desacatos como nas grandes manifestações dos últimos meses um pouco por todo o Brasil, que começaram em Março devido ao aumento do preço dos transportes públicos mas que rapidamente se estenderam a outras áreas como as más condições dos serviços públicos e a corrupção. Em alternativa as pessoas que estiverem a protestar com a cara tapada terão obrigatoriamente de se identificar às autoridades ou serão levadas para a esquadra.

Aliás, o projecto é aprovado dias depois de se terem temido as manifestações do passado sábado, 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, tendo sido feitos vários apelos nas redes sociais para que fosse feito o “maior protesto da História”. Porém, as manifestações tiveram menos impacto e expressão do que a vaga que fez tremer o país em Junho quando centenas de milhares de pessoas se juntaram aos protestos.

Nas ruas os protestos também juntaram cidadãos e houve mesmo três detidos que, segundo o Diário de São Paulo, já foram libertados. A versão da polícia indica que um dos detidos estava a utilizar um megafone para provocar as autoridades, enquanto os restantes filmavam o momento. Os outros dois detidos terão impedido a polícia de deter a pessoa que usava o megafone.

Máscara é símbolo de protesto, diz deputado
A nova legislação foi proposta pelos deputados Domingos Brazão e Paulo Melo, do partido PMDB, mas teve alterações à proposta inicial: as máscaras serão admitidas em eventos culturais, como o Carnaval, e em caso de detenção por cara coberta a pessoa apenas deve ser encaminhada para a esquadra local. Todos os protestos passam também a ter de ser comunicados antecipadamente às autoridades.

Porém, a proposta mereceu o voto contra de 12 deputados. Um deles, Marcelo Freixo, do PSOL, também ao Globo, considerou que a nova legislação é “inconstitucional”. E acrescentou: “O uso de máscara não é anonimato. A máscara é um símbolo de protesto. Essa lei é um grande equívoco que só vai criar mais conflitos nas ruas criminalizando quem decidir usar máscaras para protestar”.

Já no final de Agosto, o movimento anarquista Black Bloc RJ, conhecido pelas máscaras que tem utilizado nas manifestações no Rio de Janeiro, publicou um texto na sua página na rede social Facebook onde defendia que o grupo deveria rever a sua prática perante alguma rejeição por parte da população e por outras pessoas se aproveitarem do uso de máscaras para acções de vandalismo. O texto em questão, citado pelo Globo, já não se encontra disponível.

Mas agora o grupo publicou um novo texto de reacção à aprovação onde diz que a assembleia legitimou “uma das maiores inconstitucionalidades”, referindo-se a “uma lei arbitrária, que visa criminalizar manifestantes que se protegem contra a perseguição do estado, se manifestam através de simbologias ideológicas, e podem ser justamente perseguidos pelo braço armado do estado, a corporação militar da polícia. Uma lei dada a diversas interpretações, o que poderia prejudicar inclusive pessoas que usam vestimentas religiosas que cubram seus rostos em manifestações artísticas e culturais”.