Nascer do sal

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Lavos, a ilha da Murraceira e Vila Verde são as terras das salinas da Figueira da Foz, mais águas que terras, onde nascem as ramas de cloreto de sódio que fazem refulgir de prazer a língua – e a vista. Quando o sol bate nas lâminas de cristal e reflete tons pardos ou rosados, autênticos instantâneos de nimbos, cúmulos e cirros, ou resplandece o coalho da flor de sal, serra nevada que te quero alva, à gente não lembram as conservas de peixe, a cura das azeitonas ou os presuntos serranos, nem a secagem e a salga do bacalhau. Isso é depois. Primeiro, os olhos enchem-se de um sabor luzidio, que virá com certeza do brilho do cristal marinho, ora dourado, embebido em azeite e alho, ora branco, em bruto, trincado na carne vermelha que dá cor à língua. Come-se a paisagem com os olhos. É de esperar que cresça água na vista. Jorge Louraço Figueira


Núcleo Museulógico do Sal, em Armazém de Lavos