Vilar de Mouros vai regressar como festival rock em 2014 pelas mãos dos Amigos do Autismo

Festival minhoto vai voltar a acontecer em 2014, entre 31 de Julho e 3 de Agosto. Lucros revertem para a construção do novo edifício da Associação dos Amigos do Autismo, em Viana do Castelo.

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Festival tem edições garantidas até 2017 Nelson Garrido

Numa altura em que Portugal ainda não conhecia o fenómeno dos concertos em massa, aconteceu nesta aldeia de Caminha algo de inesperado. Mais de 30 mil pessoas rumaram a Vilar de Mouros para ver pela primeira vez Elton John, Manfred Mann, entre outras bandas que preencheram o dia. O ano era o de 1971, apenas dois anos depois do aparecimento do Woodstock, nos Estados Unidos. Vivia-se numa época de hippies e guitarras, o que valeu logo a Vilar de Mouros o título de Woodstock português. A proeza voltava-se a repetir em 1982 com os U2 como cabeças de cartaz e depois mais tarde em 1996, passando a acontecer todos os anos entre 1999 e 2006.

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Numa altura em que Portugal ainda não conhecia o fenómeno dos concertos em massa, aconteceu nesta aldeia de Caminha algo de inesperado. Mais de 30 mil pessoas rumaram a Vilar de Mouros para ver pela primeira vez Elton John, Manfred Mann, entre outras bandas que preencheram o dia. O ano era o de 1971, apenas dois anos depois do aparecimento do Woodstock, nos Estados Unidos. Vivia-se numa época de hippies e guitarras, o que valeu logo a Vilar de Mouros o título de Woodstock português. A proeza voltava-se a repetir em 1982 com os U2 como cabeças de cartaz e depois mais tarde em 1996, passando a acontecer todos os anos entre 1999 e 2006.

Desde então, entre promessas, anúncios de regresso e tentativas de eventos que não conseguem pegar, o festival nunca mais aconteceu. Mas a situação está prestes a mudar e em 2014 o rock vai mesmo voltar a Vilar de Mouros e pelo menos quatro edições já estão garantidas.

Por trás deste renascimento estão a AMA – Associação de Amigos do Autismo, uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) e que tem como principal objectivo angariar dinheiro para uma nova sede. É por isso que os lucros do festival, que até já tem datas marcadas e em 2014 acontece entre 31 de Julho e 3 de Agosto, vão reverter na totalidade para esta obra. A iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal de Caminha, que esta terça-feira apresentou o festival.

Para a presidente da Câmara, Júlia Paula Costa, o objectivo é apostar na qualidade e na solidariedade, mantendo a identidade e a tradição do festival. “Estamos a dar um grande passo contra o preconceito ao associar um grande festival a uma causa tão nobre”, disse Júlia Costa, na conferência de imprensa, destacando o “pioneirismo” da iniciativa.

Ao PÚBLICO, Marco Reis, presidente da AMA, explicou que o regresso de Vilar de Mouros tem vindo a ser pensado desde o início do ano, desde que a associação de Viana do Castelo começou a organizar outras actividades para angariar fundos. “Foi então que surgiu esta ideia de fazer renascer este grande festival. A ideia de os lucros reverterem todos para a construção do edifício é algo que acontece muito por exemplo nos países nórdicos, onde os festivais de verão se associam regularmente a causas solidárias”, diz o responsável pela associação e que é também pai de uma criança autista.

Também por isso, e por estar esta associação por trás, o festival está já a ser pensado para todos, destacando-se entre as novidades “uma verdadeira zona VIP, ou seja, pensada para pessoas com deficiência”. “São elas que precisam de atenções especiais nestes eventos”, acrescenta Marco Reis, explicando que para a construção do edifício, que será o primeiro no país para autistas a ser pensado de raiz, são precisos 3,5 milhões de euros.

Montante que espera conseguir reunir até 2017, ano até ao qual foi assinado o protocolo com a câmara, e que garante assim a realização de quatro edições do festival, além de um subsídio de 20 mil euros. “Mas como uma instituição que tem um protocolo com a Segurança Social, o Estado também terá de nos ajudar mas sabemos que nesta altura de restrições financeiras não serão muitas as verbas”, conta.

Sobre o cariz do festival, Marco Reis garante que Vilar de Mouros “vai continuar a ser um festival rock”. “Queremos ter grandes nomes nacionais e internacionais, alguns contactos até já começaram a ser feitos. Queremos fazer renascer Vilar de Mouros como um festival rock para todos, pais e filhos.”

Para ainda este ano, em Setembro, a associação tem já previstas várias actividades pelo país com o intuito de divulgar e envolver as pessoas no festival. Mas mais informações, como preços dos bilhetes ou até nomes para o cartaz de 2014, “só mesmo mais para a frente”.

Uma coisa é certa, garante-nos o presidente da AMA, “Vilar de Mouros vai voltar a fazer parte da pista dos grandes festivais do país”.

A AMA é uma associação independente, sem fins lucrativos, fundada em 2008 e dedicada unicamente à Problemática das Perturbações do Espectro do Autismo (PEA). A construção do novo edifício permitirá à associação desenvolver novos projectos e apresentar novas facilidades, como um lar residencial.