Presidente Morsi foi detido. Golpe no Egipto criticado mas não condenado

Estados Unidos, União Europeia e ONU mostram-se preocupados e querem garantias democráticas, mas não condenam o golpe.

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Com a acção militar desta quarta-feira, a chefia do Estado passa temporariamente para as mãos do presidente do Tribunal Constitucional, anunciou o general egípcio Abdel Fattah al-Sissi, que depôs Mohamed Morsi da presidência. Numa declaração feita ao país pouco passava das 20h (hora de Lisboa), disse que a Constituição de cariz islamista seria suspensa e novas eleições presidenciais antecipadas seriam marcadas.

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Com a acção militar desta quarta-feira, a chefia do Estado passa temporariamente para as mãos do presidente do Tribunal Constitucional, anunciou o general egípcio Abdel Fattah al-Sissi, que depôs Mohamed Morsi da presidência. Numa declaração feita ao país pouco passava das 20h (hora de Lisboa), disse que a Constituição de cariz islamista seria suspensa e novas eleições presidenciais antecipadas seriam marcadas.

Depois deste anúncio, pelo menos 14 pessoas morreram em confrontos entre apoiantes e opositores de Morsi, diz o jornal Guardian. Oito das vítimas morreram na cidade Marsa Matrouh (Norte), três em Alexandria e outras três em Minya. Segundo a BBC, o número de mortos desde domingo já atingiu os 50.

EUA não usaram palavra "golpe"
Os Estados Unidos e outros países mostraram-se preocupados, mas não condenaram a acção dos militares. O Presidente Barack Obama manifestou a sua “profunda preocupação” poucas horas depois da destituição de Morsi e fez votos para que o Egipto regresse rapidamente ao processo democrático.  

A deposição pela força do Presidente eleito do Egipto deixou Barack Obama face a uma questão difícil de diplomacia na relação com o Egipto: a de saber se esta acção foi um golpe, nota a Reuters.

Se considerar formalmente que se tratou de um golpe, a lei norte-americana determina que a maioria da ajuda para este país aliado tem de ser suspensa, escreve a Reuters. Em causa está principalmente o pacote de 1500 milhões de dólares (cerca de 1200 milhões de euros) que todos os anos os EUA enviam para o Cairo. A suspensão dessa ajuda, quase toda destinada aos militares, enfraqueceria o Exército, que é uma das instituições mais estáveis no país com relações duradouras com as autoridades de Washington, escreve a Reuters.

Moscovo também reagiu já na manhã desta quinta-feira para dizer que a Primavera Árabe só trouxe o caos. “A Primavera Árabe não trouxe a democracia mas o caos”, afirmou à agência Interfax Alexeï Pouchkov, presidente da comissão dos Negócios Estrangeiros na Duma (câmara baixa do Parlamento), citado pela AFP.

Como os Estados Unidos, também o Reino Unido evitou falar de “golpe de Estado”. Mas Londres manifestou-se contra a acção militar para depor um presidente eleito. A França “tomou nota” do anúncio de novas eleições. Segundo declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Laurent Fabius, Paris “deseja que, na definição dos prazos, sejam respeitados o pluralismo e a paz civil, as liberdades individuais e as conquistas da transição democrática, de modo a que o povo egípcio possa escolher livremente os seus dirigentes e o seu futuro”.

Reivindicações legítimas, diz a ONU
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou de “preocupante” o derrube do Presidente pelo Exército, mas considerou “legítimas” as reivindicações dos manifestantes egípcios. E acrescentou, citado pela AFP: "Será por isso essencial reforçar rapidamente a ordem civil de acordo com os princípios da democracia.” E a União Europeia apelou todas as partes a um “regresso rápido do processo democrático”, designadamente com a realização de novas eleições presidenciais.