Governo quer dar benefícios fiscais a empresas que contratem doutorados

Objectivo da proposta de Nuno Crato é conseguir reter "cérebros" em Portugal.

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Em 2010 houve cerca de 1700 doutorados e o ministro quer que isso seja reflectido nas empresas Rui Gaudêncio

“Muitas empresas em Portugal, para se desenvolverem, precisavam de recrutar doutorados e nós temos jovens doutorados de elevadíssima qualidade”, afirmou o ministro, na abertura do Luso2013 - 7.º Encontro Anual de Estudantes e Investigadores Portugueses no Reino Unido.

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“Muitas empresas em Portugal, para se desenvolverem, precisavam de recrutar doutorados e nós temos jovens doutorados de elevadíssima qualidade”, afirmou o ministro, na abertura do Luso2013 - 7.º Encontro Anual de Estudantes e Investigadores Portugueses no Reino Unido.

Segundo o governante, o investimento público nos últimos anos criou no país um “nível muito razoável” em termos quantitativos, mas continua a reflectir “uma deficiência”, dado o número de doutorados empregados pelas empresas ser ainda pequeno, cerca de 3%, contra 40% na Dinamarca. O objectivo do Governo, vincou Nuno Crato, é que as empresas criem “núcleos de inovação que tenham um núcleo duro de jovens doutorados”.

Também Mariano Gago, que antecedeu Nuno Crato no cargo, abordou o dilema que Portugal enfrenta face ao aumento do número de doutorados, cuja taxa anual se multiplicou por 17 em 30 anos, de cerca de 100 por ano em 1980 para perto de 1700 anuais em 2010.

A não retenção deste número de doutorados no país foi um problema reconhecido por Mariano Gago, ao afirmar que, “se [os países] não continuam a sistematicamente crescer em matéria de investimento em ciência e tecnologia, como no privado, as pessoas são móveis e a competição pelas pessoas é um elemento central hoje em dia no plano internacional”.

Mariano Gago dirigiu, na ocasião, um desafio à audiência, incluída na “comunidade científica respeitada bastante jovem, bastante internacionalizada, bastante produtiva, que beneficiou de uma confiança de uma sociedade que não sabia muito bem o que estavam a fazer, mas achava que não havia progresso sem eles”. Neste “período de teste” que o país atravessa em termos de desemprego e austeridade, devem “fazer com que a população continue a acreditar” na necessidade do investimento público na ciência”.

O Luso2013 decorre durante neste sábado no departamento de Engenharia da Universidade de Cambridge, com cerca de cem participantes. O tema desta edição é “Matrizes para o Futuro” e inclui como oradores e intervenientes investigadores, empresários e a vocalista do grupo musical Deolinda, Ana Bacalhau.