Actor Ruy de Carvalho acusa fisco e Governo de "rapina"

Numa mensagem no Facebook, queixa-se de ataque ao “músculo da cultura portuguesa” e denuncia que as Finanças não lhe reconhecem direitos consagrados na lei.

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Ruy de Carvalho pede respeito Nuno Oliveira

Numa longa mensagem colocada no Facebook na sexta-feira dirigida o Governo, o actor indigna-se por o estarem a obrigar a refazer o IRS de três anos e de não lhe garantirem os direitos enquanto actor.

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Numa longa mensagem colocada no Facebook na sexta-feira dirigida o Governo, o actor indigna-se por o estarem a obrigar a refazer o IRS de três anos e de não lhe garantirem os direitos enquanto actor.

Ruy de Carvalho lembra o seu passado, enquanto artista e cidadão, e, aos 86 anos, diz ter honrado o país sem pedir nada em troca. “Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender. Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante”, afirma.

E pergunta: “Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?”

Ruy de Carvalho fala na “raiva miudinha” do Ministério das Finanças, que que “insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República”, que não é actor, que não tem “direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei”, e que o seu “trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual”.

“Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais”, acusa.

O actor diz ainda ser “lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!”.

“Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto dos senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás”, acrescenta.

Ruy de Carvalho diz também sentir nojo o nojo pela forma como os serviços do fisco “se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo”.

“Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito”, termina.