IndieLisboa festeja experiências radicais no palmarés

Leviathan e Lacrau, os filmes mais ousados presentes a concurso, são os vencedores 2013 do festival, que premiou ainda as curtas Da Vinci, Gingers e Má Raça.

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A competição internacional foi ganha por Leviathan, o documentário-fenómeno de Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel sobre a pesca industrial no Atlântico Norte, enquanto o concurso nacional elegeu Lacrau, filme-ensaio de João Vladimiro sobre o Portugal rural e urbano.

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A competição internacional foi ganha por Leviathan, o documentário-fenómeno de Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel sobre a pesca industrial no Atlântico Norte, enquanto o concurso nacional elegeu Lacrau, filme-ensaio de João Vladimiro sobre o Portugal rural e urbano.

Na categoria de curtas-metragens, o festival premiou Da Vinci, do italiano Yuri Ancarani, Gingers, do português radicado em Londres António da Silva, e Má Raça, dos portugueses André Santos e Marco Leão.

O júri de longas-metragens, formado pela actriz Leonor Silveira e pelos programadores Dennis Lim e Gerwin Tamsma, galardoou este ano os objectos mais radicais presentes no concurso internacional. Tanto Leviathan como Lacrau são experiências audiovisuais que parecem existir fora das convenções tradicionais do cinema narrativo, nas fronteiras entre o documentário e a ficção, recusando qualquer tipo de voz-off ou “fio condutor” e optando por uma organização puramente sensorial de imagens e sons. Leviathan foi rodado a bordo de um navio de pesca industrial ao largo de New Bedford, enquanto Lacrau parte do quotidiano rural de Covas do Monte para estabelecer um contraste com a vida impessoal na grande cidade. Lacrau recebeu ainda o Prémio Árvore da Vida para o filme português que afirme “valores humanos e espirituais”, atribuído por um júri separado.

Lacrau é a terceira realização do portuense João Vladimiro, 32 anos, formado em design. Antes, houvera a curta-metragem Pé na Terra (melhor realização no IndieLisboa 2006) e a longa-metragem Jardim (2007), encomenda da Fundação Gulbenkian sobre o trabalho do arquitecto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles na concepção dos Jardins Gulbenkian. Vladimiro não quis prestar declarações publicamente sobre Lacrau, preferindo deixar o filme falar por si. Na "declaração de intenções" reproduzida no catálogo do festival, Vladimiro explica que se propôs "equacionar a evolução tecnológica e a nossa posição num mundo que a coloca em primeiro lugar". "O horror ao vazio, à solidão, não permite ver a beleza de uma forma original de existência", diz para explicar o contraste entre a pureza de uma vivência rural e o ruído da vida nas cidades que o seu ensaio audiovisual, sem narração, desenha.

O prémio de distribuição, escolhido pelo júri de longas-metragens de entre as obras a concurso, coube à excelente ficção brasileira de Marcelo Lordello Eles Voltam, sobre uma adolescente do Recife que, largada pelos pais no meio da estrada como castigo, encontra o Brasil real no seu percurso de regresso a casa. O galardão destina-se à aquisição dos direitos de distribuição do filme para Portugal.

O vencedor do Prémio do Público, escolhido através da votação das audiências que estiveram no festival e transversal a todas as secções, foi o documentário de seis horas do holandês Rob Rombout e do francês Rogier van Eck Amsterdam Stories USA, que visita todas as cidades americanas com o mesmo nome daquela cidade holandesa.

O júri das curtas-metragens, composto pela jornalista do PÚBLICO Inês Nadais, pela programadora Tess Renaudo e pelo realizador Graeme Cole, atribuiu o Grande Prémio a Da Vinci, do artista multimedia italiano Yuri Ancarani, um trabalho quase experimental sobre uma operação cirúrgica. A melhor curta portuguesa para o mesmo júri foi Gingers, ensaio do português radicado em Londres António da Silva sobre a aparente diferença que o cabelo ruivo atribui a quem o tem.

Ainda nas curtas nacionais, a dupla André Santos e Marco Leão venceu o Prémio Novo Talento pela curta Má Raça, e Luís Soares o Prémio Novíssimos, atribuído ao melhor filme de escola a concurso, por Outro Homem Qualquer.

Noutros prémios, o documentário do argentino José Luís García sobre a Coreia do Norte, La Chica del Sur, recebeu o prémio Pulsar do Mundo; The Act of Killing, o filme do americano Joshua Oppenheimer sobre os crimes indonésios de 1965/66, foi galardoado com o prémio Amnistia Internacional; e É o Amor, de João Canijo, venceu o prémio TAP de longa-metragem portuguesa

Leviathan pode ainda ser visto hoje às 18h15 na Culturgest, com as curtas premiadas a serem exibidas às 19h15 também na Culturgest.

 

 

Palmarés do IndieLisboa 2013:

Longas-metragens

- Grande Prémio Cidade de Lisboa: Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Véréna Paravel

- Melhor Longa Portuguesa: Lacrau, de João Vladimiro

- Prémio de Distribuição: Eles Voltam, de Marcelo Lordello

- Prémio do Público: Amsterdam Stories USA, de Rob Rombout e Rogier van Eck

- Prémio Pulsar do Mundo: La Chica del Sur, de José Luis García

- Prémio Amnistia Internacional: The Act of Killing, de Joshua Oppenheimer

 

Curtas-metragens

- Grande Prémio: Da Vinci, de Yuri Ancarani

- Melhor Curta Portuguesa: Gingers, de António da Silva

- Prémio Novo Talento: André Santos e Marco Leão, por Má Raça

- Prémio do Público: Le Libraire de Belfast, de Alessandra Celesia

- Prémio do Público IndieJunior: O Clube das Crianças Feias, de Jonathan Elbers