Ruiu mais uma parte de um prédio devoluto em Lisboa

Edifício na Avenida Elias Garcia já tinha ruído parcialmente em Dezembro. Trânsito está cortado e deverá continuar assim nos próximos dias. Não há feridos.

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O edifício de seis pisos estava desocupado Enric Vives-Rubio

O edifício de seis pisos, com os números de porta 114, 116 e 118, estava desabitado há cerca de dois anos e em Dezembro o restaurante Bola Cheia II, que funcionava no rés-do-chão, foi forçado a encerrar. A derrocada não provocou feridos nem danos materiais na área envolvente.

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O edifício de seis pisos, com os números de porta 114, 116 e 118, estava desabitado há cerca de dois anos e em Dezembro o restaurante Bola Cheia II, que funcionava no rés-do-chão, foi forçado a encerrar. A derrocada não provocou feridos nem danos materiais na área envolvente.

Segundo fonte do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, ruiu mais uma parte do interior do prédio e da fachada traseira. A cobertura do edifício está muito danificada e a chuva que tem caído nos últimos dias terá acelerado a degradação do interior.

O que resta do edifício "não está neste momento em risco iminente de ruína", afirmou o chefe Fragoso, dos Sapadores Bombeiros. A fachada principal e a parede lateral continuam de pé, mas o risco de derrocada existe, pelo que foi montado um perímetro de segurança que fechou a rua ao trânsito e à circulação de pessoas em frente ao prédio, na faixa que segue na direcção da Fundação Calouste Gulbenkian. Esta restrição deverá manter-se "até ser feita a demolição ou até estarem reunidas todas as condições de segurança em volta do prédio", afirmou ao PÚBLICO a directora municipal de Protecção Civil de Lisboa, Emília Castela.

Depois da derrocada que ocorreu a 15 de Dezembro, em que desabou parte da fachada traseira e com ela parte do interior do prédio onde se situavam as cozinhas e casas-de-banho, os técnicos da Protecção Civil fizeram uma vistoria ao edifício e a 14 de Janeiro intimaram os proprietários a avançar com a demolição do imóvel no prazo de 60 dias. Desde então, nada aconteceu. Segundo Emília Castela, a câmara poderá avançar com a demolição coerciva caso não haja resposta dos proprietários, como está previsto na lei. Para isso, a autarquia terá de tomar posse administrativa do prédio e só depois pode avançar com a obra.

Já antes, os donos do edifício tinham sido intimados a fazer obras. Também aí não houve resposta. Ao que o PÚBLICO apurou em Dezembro, o prédio é privado e haverá uma questão de partilhas por resolver, por ter vários herdeiros.

Prédios vizinhos sem risco aparente
Os bombeiros e a Protecção Civil não puderam entrar no edifício por não estarem reunidas as condições de segurança. Foram retiradas algumas pedras que estavam em risco de queda e avaliado o estado do edifício. "Neste momento não há nada visível que nos leve a dizer que há danos nos prédios contíguos", disse Emília Castela.

O prédio vizinho do lado esquerdo, nos números 108 e 110, separado daquele por um estreito saguão, também está devoluto e em "adiantado estado de degradação, portanto sem condições de habitabilidade", disse o chefe Fragoso. Do lado direito, o edifício vizinho está habitado e funciona lá um infantário, além de uma tinturaria e de um cabeleireiro na cave. "As pessoas que o utilizam já foram avisadas, se notarem qualquer coisa de anormal, devem entrar em contacto com o Regimento de Sapadores de Lisboa ou com os serviço municipal de Protecção Civil", afirmou.

Agora, a única alternativa para o edifício é a demolição, que o chefe Fragoso espera ver concretizada "de forma célere". Isto porque as condições climatéricas poderão agravar o estado de degradação do prédio e causar mais danos.

Este edifício é apenas um dos muitos em mau ou muito mau estado de conservação na capital: segundo os dados mais recentes da autarquia, dos mais de 57 mil existentes na cidade, 8274 estão nessa condição. É no centro da cidade que se encontra o maior número de prédios degradados, mas não é preciso sair da Avenida Elias Garcia para encontrar outros casos. Aliás, parte desta avenida já está cortada há vários anos devido ao perigo de ruína de um prédio, no quarteirão próximo da Avenida da República. Na noite de Natal de 2011, no prédio do número 75, também ele devoluto, houve um incêndio seguido de derrocada, que obrigou à evacuação dos prédios vizinhos, onde moravam 44 pessoas.