Inglês quer monumento em Faro aos portugueses que salvaram pessoas na II Guerra Mundial

Monumento deverá ficar instalado na marina de Faro, donde partiram três pescadores que salvaram seis americanos cujo avião caiu no mar em 1943

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“Portugal desempenhou um grande papel durante a II Guerra Mundial e não deve ser esquecido. As pessoas em Portugal não se lembram disso e devem saber o que aconteceu. Nunca em nenhuma circunstância devemos esquecer a História”, disse à Lusa Michael Pease promotor da ideia do “memorial internacional” de homenagem aos portugueses pelos actos cometidos entre 1939 e 1945, que terão salvo 1500 pessoas.

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“Portugal desempenhou um grande papel durante a II Guerra Mundial e não deve ser esquecido. As pessoas em Portugal não se lembram disso e devem saber o que aconteceu. Nunca em nenhuma circunstância devemos esquecer a História”, disse à Lusa Michael Pease promotor da ideia do “memorial internacional” de homenagem aos portugueses pelos actos cometidos entre 1939 e 1945, que terão salvo 1500 pessoas.

“Vai ser uma escultura, tenho já duas propostas e uma outra proposta de um português que vou ver no final do mês. A decisão final sobre a escolha da escultura vai pertencer à Câmara de Faro”, afirmou. Michael Pease, 82 anos, vive no Algarve, e já conseguiu o apoio da Câmara Municipal de Faro para colocar o monumento junto à marina da cidade.

“Contactei o presidente da Câmara Municipal de Faro, a vereadora da Cultura de Faro e o Turismo do Algarve e disse-lhes que não queria dinheiro mas sim o apoio deles por escrito - o que já tenho - para me apoiarem no projecto. E também para me disponibilizarem um local na marina de Faro para colocar o monumento. Eles disseram que sim. É o local de onde saíram os portugueses que salvaram os americanos que se despenharam em 1943”, disse Michael Pease.

De acordo com a investigação de Carlos Guerreiro documentada com fotografias no blog Aterrem em Portugal ( http:
/aterrememportugal.blogspot.pt/2012/08/bombardeiro-vai-ter-roteiro-submarino.htmls
)
um bombardeiro norte-americano B-24 despenhou-se ao largo de Faro, sendo que seis dos onze tripulantes foram salvos por três pescadores. Este facto que despertou a curiosidade de Michael Pease sobre os actos de salvamento ao largo da costa em território continental, assim como nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

O inglês que passou ao largo de Portugal a bordo de um navio em 1939 explicou que começou a investigar os incidentes ocorridos durante a II Guerra Mundial no sul de Portugal após a leitura do livro Aterrem em Portugal de Carlos Guerreiro, mas que depois quis saber mais sobre o papel dos portugueses durante o conflito.

O monumento vai custar “cerca de 60 mil euros” que Michael Pease está a tentar conseguir apoios sobretudo através de contactos com descendentes de portugueses nos Estados Unidos e no Canadá. “Mandei fazer umas brochuras sobre o assunto que mandei para os Estados Unidos e para o Canadá onde vivem milhares de pessoas que são descendentes de portugueses. Trabalhei muito para conseguir os nomes e os endereços dos canadianos e norte-americanos que têm origens portuguesas e alguns deles são grandes nomes como o actor Tom Hanks que é neto de portugueses. Há portugueses e descendentes de portugueses muito bem posicionados e espero que me ajudem a conseguir dinheiro para o monumento”, sublinha o promotor do projecto. Há também um site dedicado à angariação de fundos.

“Portugal, apesar da neutralidade, desempenhou de facto um papel muito importante”, afirmou. Para Michael Pease, não se trata de um “memorial nacional mas sim internacional”, porque o que aconteceu ao largo de Portugal afectou muitas pessoas e não apenas os americanos que foram salvos em Faro, mas também há outros casos que envolveram britânicos e cidadãos da Commonwealth.
“Não eram apenas marinheiros e aviadores mas também civis, porque muitos dos navios afundados pelos alemães transportavam civis e nestes casos os pescadores portugueses desempenharam um papel muito importante”, recorda Pease.