Mais de metade dos países do mundo não são livres

Número de países "não livres" ou "parcialmente livres" ultrapassa o dos livres no relatório da Freedom House sobre a liberdade no mundo em 2012.

Foto
Primavera Árabe levou a mais repressão nos países árabes em que os regimes se mantêm, como a Síria Bulent Kilic/AFP

Pelo sétimo ano consecutivo, em 2012 foram mais os países que pioraram (27), do que aqueles em que houve melhorias (16) no que diz respeito aos direitos políticos e liberdades civis. O relatório Freedom in the World (disponível aqui em PDF) alerta ainda para um “reacender das campanhas de perseguição dos ditadores especificamente dirigidas às organizações da sociedade civil e aos meios de comunicação independentes”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Pelo sétimo ano consecutivo, em 2012 foram mais os países que pioraram (27), do que aqueles em que houve melhorias (16) no que diz respeito aos direitos políticos e liberdades civis. O relatório Freedom in the World (disponível aqui em PDF) alerta ainda para um “reacender das campanhas de perseguição dos ditadores especificamente dirigidas às organizações da sociedade civil e aos meios de comunicação independentes”.

No topo da lista dos países em que se registaram melhorias mais significativas de 2008 para 2012 estão a Líbia e a Tunísia, onde em 2011 as revoltas da Primavera Árabe derrubaram Muammar Khadafi e Zine El Abidine Ben Ali. A Líbia registou mesmo um dos maiores avanços nas quatro décadas ao longo das quais o relatório tem sido publicado.

Também no Egipto, onde no mesmo ano foi deposto o Presidente Hosni Mubarak, houve progressos, mas foram “modestos”. Depois das primeiras eleições, em que Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, foi eleito Presidente, o país mergulhou numa crise constitucional. Ainda assim, estes três países passaram de “não livres” a “parcialmente livres” na classificação utilizada pelo think tank norte-americano para medir a liberdade.

No entanto, “os progressos conseguidos nos países da Primavera Árabe desencadearam uma reacção, por vezes violenta, dos líderes autoritários por todo o Médio Oriente”, alerta o relatório. E isso resultou em recuos em países como o Iraque, a Jordânia, o Kuwait, o Líbano, Omã, a Síria e os Emirados Árabes Unidos. Há quase dois anos mergulhada numa crise desencadeada pela violenta repressão dos protestos contra o regime de Bashar al-Assad, a Síria é “de longe” o país mais afectado por esta tendência.

“Especialmente desde a Primavera Árabe, [os líderes autoritários] estão nervosos, o que explica a perseguição intensificada aos movimentos populares para a mudança”, afirma Arch Puddington, vice-presidente da Freedom House numa nota que acompanha o relatório.

Entre os que mais melhoraram está também – além dos três países árabes que recentemente viram cair os seus regimes nos – a Birmânia, pela série de reformas que a junta militar tem vindo a fazer; 2012 ficou marcado por acontecimentos como a entrada no Parlamento do partido da opositora ao regime Aung Suu Kyi).

A Rússia de Vladimir Putin é outro dos casos que o relatório destaca pela negativa. É considerada um país “não livre” e piorou com o regresso de Putin à presidência.

Os países menos livres no mundo – que foram classificados com a pontuação mais baixa possível neste relatório – são a Coreia do Norte, o Turquemenistão, o Uzbequistão, o Sudão, a Guiné Equatorial, a Eritreia, a Arábia Saudita, a Síria e a Somália. À lista juntam-se dois territórios, o Tibete, controlado pela China, e o Sara Ocidental, por Marrocos.