Poucas pistas para conhecer o rapaz tímido que era Adam Lanza

Nunca ninguém reparou muito bem nele. E era assim que ele queria que fosse. Aparentemente.

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Podia, segundo algumas fontes, sofrer do síndroma de Asperger, uma espécie de autismo que se manifesta por dificuldade nas interacções sociais. O Washington Post citou um antigo colega de escola que disse que Adam tomava frequentemente medicamentos. Nada disto é oficial ou foi confirmado pela polícia.

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Podia, segundo algumas fontes, sofrer do síndroma de Asperger, uma espécie de autismo que se manifesta por dificuldade nas interacções sociais. O Washington Post citou um antigo colega de escola que disse que Adam tomava frequentemente medicamentos. Nada disto é oficial ou foi confirmado pela polícia.

No livro de turma do liceu do ano de 2010 a sua fotografia não aparece. A justificação: “tímido”. Tudo indica que não tinha Facebook, uma raridade nos dias que correm, principalmente nos EUA. Muitos dos antigos colegas de liceu contactados por jornais, televisões e rádios americanos não se lembravam dele. Tiverem que puxar pela cabeça para recuperar alguma memória daquele rapaz a quem não se dava muita atenção.

Adam Lanza e o irmão, Ryan, de 24 anos, tiveram uma infância sem história, ambos bons alunos, filhos de um casal de classe média a viver num bairro de subúrbio bem cuidado na pacata cidade de Newtown. Mãe professora, pai contabilista.

O episódio que surge nos relatos de vizinhos, amigos e familiares como podendo de algum modo ajudar a explicar o inexplicável é o divórico de Nancy e Peter Lanza em 2009. O pai saiu de casa e mudou-se para outra cidade, Stamford, e voltou a casar três anos mais tarde. A mãe ficou em Newtown com os filhos, trabalhando como professora primária.

“Os miúdos ficaram muito deprimidos com a separação”, recordou um vizinho, Ryan Kraft, 25 anos, ouvido pelo Washington Post. Em Adam, essa possível depressão terá reforçado os seus traços de “rapaz solitário”, “anti-social”, “alguém que nunca conseguia olhar as outras pessoas nos olhos”, segundo Beth Israel, que viveu na mesma rua da família Lanza.

Não é que fosse um rapaz antipático ou desagradável, era apenas alguém “tímido e pacato”.

Quando acabou o curso, Ryan mudou-se para Nova Jérsia e começou a trabalhar na empresa de consultadoria Ernst & Young. Adam ficou em Newtown a viver com a mãe na casa da família Lanza, uma vivenda espaçosa, de “estilo colonial, com piscina”, relatou uma vizinha. Uma casa bem cuidada, por uma mulher que era uma “óptima dona de casa” e que “dava sempre prioridade aos filhos”, disse Gina McDade, mãe de um colega de Ryan que frequentou muito a residência Lanza.

Foi aí, nesse “bonito lar” (palavras de McDade), que foi encontrado o cadáver de uma mulher na sexta-feira – Nancy. Foi daí que Adam saiu nessa manhã, artilhado com duas pistolas semiautomáticas e uma espingarda de calibre .223, para se dirigir à sua antiga escola primária onde a mãe também tinha sido professora.

Os mortos são dele. As armas eram dela.