A ocupação revolucionária do Hotel do Muxito

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A recuperação da antiga unidade hoteleira tarda em concretizar-se GASTÃO BRITO E SILVA

O Hotel do Muxito foi inaugurado na Cruz de Pau, em 1956, e era na altura um dos máximos expoentes de luxo e de qualidade. Foi sem dúvida um grande

impulsionador económico e social da região.

A sua arquitectura tinha uma traça inovadora, todo o complexo era desenhado em função da comodidade, tranquilidade e bem estar... era a mente sã num corpo são, o urbanismo e a natureza perfeitamente fundidos num só corpo. Tinha 13 vivendas, um centro hípico, discoteca e a primeira piscina olímpica do país. Era uma espécie de Éden da hotelaria. Mais tarde e com a morte do seu fundador, foi adquirido por uma sociedade hoteleira na altura presidida pela jugoslava Gordana Bayloni.

Foram feitos vultuosos investimentos para dinamizar este complexo, construído um hotel com 60 quartos e outras infra-estruturas que jazem moribundas na propriedade. Fazia parte do projecto a construção de um grande centro comercial que teria sido o primeiro do seu género em solo nacional. As equipas de futebol quando jogavam na margem Sul, ficavam aqui instaladas pelas facilidades e conforto de toda a estrutura. No seu tempo era o único local com suficiente categoria para receber com qualidade uma comitiva dessa dimensão.

Depois da morte da proprietária e devido à falta de verbas entrou em declínio, que o levou à falência em 1973. O golpe de misericórdia ocorreu em 7 de Março 1975, quando foi ocupado por forças revolucionárias de extrema esquerda - a FSR e a LUAR -, que eram braços armados do PCP e do PS. Aqui se instalaram campos de treino para fazer frente às facções moderadas de direita. Foi palco de tiroteios e de negócios obscuros, era um antro de vilanagem, violência e terror, que se manteve até à expulsão, em 25 de Novembro de 1975, pela ameaça de conflito armado com o Grupo dos 9.

Foi depois utilizado como infantário até 1977 e, desde então, encontra-se abandonado. Pertence hoje aos herdeiros de Gordana Bayloni que tomaram conta da Lare-i-rá, empresa detentora desta sociedade hoteleira que continua sem verbas para proceder à sua recuperação, embora esteja programada, através da rentabilização das moradias, a angariação de fundos que permitam reconstruir todo este complexo. Há interesses municipais no Hotel do Muxito, mas que não avançam devido aos "braços de ferro" políticos da Câmara do Seixal e a verbas comunitárias. Ruinólogo e fotógrafo

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