Cada vez que fazem compras, os turistas chineses gastam em média 560 euros em Portugal
Quando visitam Portugal os turistas chineses gastam, em média, 560 euros em cada acto de compra, a grande maioria de artigos de luxo. Marcas como a Louis Vuitton e a Burberrys estão no topo das preferências dos chineses, que estão a aproveitar o boom económico do seu país para conhecer o mundo e comprar as marcas ocidentais mais reputadas.
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Quando visitam Portugal os turistas chineses gastam, em média, 560 euros em cada acto de compra, a grande maioria de artigos de luxo. Marcas como a Louis Vuitton e a Burberrys estão no topo das preferências dos chineses, que estão a aproveitar o boom económico do seu país para conhecer o mundo e comprar as marcas ocidentais mais reputadas.
Em comparação com outras nacionalidades, são dos que mais gastam nas lojas nacionais: os visitantes de Angola despendem em média 350 euros cada vez que fazem compras; os brasileiros 300 euros e os russos 305 euros. Quando se compara os valores (de 2011) com o período homólogo, verifica-se um crescimento que chegou aos 10% no caso dos chineses, 5% no gasto médio dos brasileiros e 2% no dos angolanos.
Os dados são da Global Blue, empresa financeira que também opera no negócio do reembolso de IVA, e referem-se aos turistas elegíveis para tax free (compras livres de impostos). O tax free apenas contempla produtos que sejam exportados e transportados pelos turistas na sua bagagem e, por isso, os indicadores não abrangem despesas em hotelaria e restauração.
"A compra média em Portugal é das mais baixas em comparação com outros países porque há lojas com preços mais acessíveis e, por isso, há muitas transacções com valores baixos que fazem diminuir o gasto médio. Há países onde os gastos médios têm quatro dígitos", diz Pedro Frutuoso, responsável pela Global Blue em Portugal. A média global é de 491 euros por turista.
Cerca de 70% das compras feitas pelos visitantes estrangeiros e não comunitários em Portugal fazem-se em 10 lojas, todas de luxo. Na lista, encabeçada pela Louis Vuitton, Ermenegildo Zegna e Prada, há apenas uma única empresa portuguesa, a Amorim Fashion, que gere a Fashion Clinic e tem parceria com a Gucci. Pedro Frutuoso refere que estes visitantes, com grande poder de compra, procuram "uma experiência única e diferente do seu país de origem". São os chamados global shoppers, para quem fazer compras é "parte integrante e fundamental da sua experiência de viagem".
O responsável da Global Blue sublinha que estes turistas "vêm com um plano muito concreto do que querem comprar e guardam 30% do seu orçamento para fazer compras". A importância destes clientes para o negócio do luxo é determinante e o próprio presidente da LVMH (dono da Louis Vuitton, Givenchy ou dos relógios Chaumet) chegou a admitir que 50% das compras de artigos de luxo estão associadas a viagens.
Apesar de os chineses serem dos que mais gastam por acto de compra, os angolanos e brasileiros são responsáveis pela maioria das vendas tax free em Portugal, com 44% e 28% de quota, respectivamente. Os chineses pesam apenas 3%, mas o potencial de crescimento é enorme. Em termos mundiais são, aliás, os turistas que mais gastam durante uma viagem (uma média de 1075 dólares, cerca de 876 euros). A Global Blue prevê que, até 2020, 100 milhões de chineses que consideram as compras parte da experiência de viajar visitem a Europa. "É uma altura determinante para um destino como Portugal", sugere a empresa.
Tendo em conta os hábitos de consumo destes visitantes, Lisboa é o destino preferido: é onde se concentra o maior número de marcas de luxo e, por isso, 83% das compras livres de impostos são efectuadas na capital. Segue-se o Porto, com 7% e a zona centro do país com 5%. Analisando apenas Lisboa, conclui-se que a Avenida da Liberdade e a zona da Baixa são locais privilegiados para estes turistas (é aqui que se fazem 37% das compras), seguido do Centro Comercial Colombo (21%).
"Cada turista tem processos de decisão distintos. Os angolanos preferem Hugo Boss e Ermenegildo Zegna e são muito autónomos na compra. Chegam, pagam e não olham ao preço", explica Pedro Frutuoso. Já os brasileiros precisam "de toda a atenção do mundo e querem aconselhamento". Os chineses viajam tradicionalmente em grupo e, quando um elemento compra, todos adquirem o mesmo artigo. "Há lojas que esgotam o stock desse produto", conta. Para 82% dos chineses fazer compras no destino de férias é a actividade preferida, mas os inquéritos feitos pela Global Blue mostram que regressam a casa frustrados por não terem gasto tanto como planeado.
Quase 50% das despesas livres de impostos são feitas em lojas de roupa e moda; 15% em relojoarias e joalharias. As estimativas da empresa para este ano apontam para uma subida de 90% do número de visitantes chineses, de 80% de russos, 36% de brasileiros e 12% de angolanos. O consumo de bens de luxo será impulsionado por estes visitantes, cuja capacidade financeira não está a ser tão afectada pela crise económica.
No final do ano, a empresa financeira com sede na Suíça prevê que o sector de tax free facture mais de 200 milhões de euros em Portugal. Entre 2010 e 2011 este tipo de vendas para as principais nacionalidades de "globe shopper" angolano, brasileiro e russo, aumentaram 17%, 33% e 78%, respectivamente.