Extensão da linha vermelha põe o Saldanha a 16 minutos do aeroporto

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As novas estações serão servidas pelo mesmo número de comboios e com a frequência actualmente existente na linha vermelha FOTOS: CARLA ROSADO

Mais de cinco anos depois do início das obras, são hoje inauguradas três novas estações na linha vermelha: Moscavide, Encarnação e Aeroporto. Alargamento da linha azul continua sem data por falta de verbas

A partir das 6h30 de hoje, com a inauguração do troço Oriente/Aeroporto da linha vermelha do Metropolitano de Lisboa, os passageiros poderão sair do aeroporto da Portela de metro e chegar ao Oriente em cinco minutos e ao Saldanha em 16 minutos. Mas a rapidez da viagem contrasta com o arrastar das obras que começaram em 2007, 48 anos depois da inauguração do primeiro troço da rede, e que depois de sucessivos atrasos só agora permitiram abrir as novas estações de Moscavide, Encarnação e Aeroporto. O investimento efectuado ascende a 218 milhões de euros que, segundo o secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, vai permitir à empresa que resultará da fusão do Metro com a Carris uma poupança anual de 2,8 milhões.

Quem ontem descesse as escadarias da nova estação do Aeroporto do Metro de Lisboa poderia pensar que o novo troço, com cerca de 3,3 quilómetros, já estava em funcionamento. Só a concentração pouco habitual de elementos da PSP, de homens engravatados, o chão bege ainda imaculado e as brilhantes paredes com 53 caricaturas de personalidade portuguesas feitas pelo artista António Antunes, as cancelas abertas e as cadeiras dispostas para os discursos permitiam perceber que era apenas uma visita oficial na véspera da inauguração.

O secretário de Estado considerou o novo troço "estratégico" para o país, mas alertou para que, de futuro, "os projectos de investimento não mais serão feitos com o recurso a dívida" - em referência aos 18 mil milhões de dívidas acumuladas pelo sector público dos transportes, ainda que um terço diga respeito a investimentos, o que considera ser a "boa dívida". O primeiro troço da linha vermelha foi aberto em 1998, entre a Alameda e o Parque das Nações, seguindo-se lhe, em 2009, o alargamento desde a Alameda a São Sebastião da Pedreira.

Sérgio Monteiro salientou que "a ligação ao aeroporto antecipa uma das medidas que estava preconizada no plano estratégico e no estudo de ajustamento da oferta que era a supressão de alguns serviços da Carris". Assim, afirmou, as três novas estações permitirão uma poupança anual de 2,8 milhões de euros.

Apesar de o Governo ter colocado a médio prazo um ponto final no projecto do novo aeroporto, questionado pelo PÚBLICO sobre o futuro do novo troço do metro, caso venha a surgir uma alternativa à Portela, o secretário de Estado garantiu que o actual aeroporto é uma "mais-valia para a região, o turismo e a cidade" e que o Governo fará "tudo o que estiver ao seu alcance no sentido de prolongar a vida útil da Portela".

O ajustamento na rede de transportes da cidade também é bem recebido pelo presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, que considerou a "oportunidade única para fazer reformas inteligentes", eliminando a "acumulação de carreiras [de autocarro] na Av. da Liberdade e na Baixa" e servindo melhor zonas como a de Alcântara.

Segundo o presidente do Metropolitano de Lisboa, Cardoso dos Reis, a empresa estima que as novas estações movimentem mais de 400 mil passageiros/mês. Questionado sobre o número de carruagens e a frequência dos comboios, o gestor disse que o prolongamento não vai ser acompanhado de um aumento da oferta, defendendo que o que existe "dá resposta".

Também sem data prevista continua a extensão da linha azul até à Reboleira (Amadora). Cardoso dos Reis diz que os túneis estão feitos mas que os concursos para acabamentos não serão lançados antes de 2013. E adiantou que do investimento de 70 milhões de euros ainda faltam reunir 30 milhões e que enquanto tal não acontecer a obra continuará parada.

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