Enrique Vila-Matas. Vagabundo literário

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Mais do que intertextual, a obra de Vila-Matas é inter-territorial: projecte-se um atlas na parede, coloquem-se pontos nos sítios do escritor, e é uma teia extensa PAULO PIMENTA

As deambulações de Enrique Vila-Matas são de enlouquecer qualquer GPS. O escritor catalão transforma autores e lugares, literaturas e geografias numa paisagem pessoal: da Barcelona onde nasceu à Paris do exílio e a Nova Iorque, onde um dia quis chorar na Grand Central Station.

A história começa na estrada de Sintra, ao volante de um Chevrolet. O GPS está desligado. Na literatura, os percursos têm as derivações que bem se quiser e é assim que para chegar à Barcelona natal de Enrique Vila-Matas saímos da Lisboa de Fernando Pessoa. Não é um desvio. É um dos sentidos possíveis. Vila-Matas é um escritor marcado pelos lugares por onde passou. Como exilado político, como viajante, como flâneur. Chamam-lhe dandy. É um modo de estar na vida. Toda a sua produção literária está cheia de referências geográficas, mesmo que essa geografia venha de outras literaturas. E a de Pessoa, sedentária como poucas, deixou marcas no catalão semi-nómada, que a leva para onde vai, com a pressa dos sem tempo ou como o viajante mais lento, título de um dos seus livros de crónicas, publicado em 2011.

Ao Volante do Chevrolet pela Estada de Sintra, poema do heterónimo Álvaro de Campos, é o texto preferido de todos os textos preferidos de Vila-Matas. Espantosa eleição quando estamos perante um verdadeiro coleccionador de literatura. Vamos Ao Volante do Chevrolet pela Estrada de Sintra com a lentidão do tal viajante e a primeira paragem é num mês de Julho, em Paraty - este mês de Julho. Outra terra atlântica, imprevista neste projecto de chegar à mediterrânica Barcelona, onde "cada entardecer é como um porto". O caminho mais curto nem sempre é o mais interessante, como sabe quem anda pelas estradas e à cata da rua para a levar para o romance, para as ficções, onde há sempre um escritor que nunca se sabe se é o próprio Vila-Matas. É um jogo. "Viajar sem destino marcado, partir sem se dirigir a parte nenhuma", "espiar condutas humanas e apanhar dissimuladamente conversas de desconhecidos." Ele gostava de ser mosca, como a mosca no Ulisses, de Joyce, "pegajosa", sempre "a meter o nariz onde não é chamada". O objectivo é literário e de vida, e tão voyeur é o turista como a comadre ou o escritor Vila-Matas.

Está explicado como se chegou a Paraty, nesse sem destino que é o seu itinerário natural; um imprevisto que passou a integrar o mapa do autor de O Mal de Montano. Premiado, consagrado, reconhecido como um dos mais inventivos autores de língua espanhola, traduzido em cerca de 30 idiomas, homem que a cada livro que publica recebe vénias da crítica internacional, já este ano vencedor do Prémio Gregor von Rezzori, para o melhor livro estrangeiro publicado em Itália (Exploradores do Abismo), Enrique Vila-Matas nunca considerou ir a Paraty antes de lá ter ido. E, até 2005, quando foi convidado pela primeira vez a ir à Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), o também autor de Dublinesca não tinha grande ideia do Brasil. Achava-o um país pouco cerebral, como confessou numa edição recente do jornal O Globo. Para ele, Brasil era festa e diversão. Ponto final. Alegria para vender às massas de turistas que ele não suporta estarem a transformar a "sua" Barcelona. Foi preciso lá ir, ler o poema de Álvaro de Campos ao lado de Salman Rushdie, para depois escrever que se houvesse um paraíso na terra talvez fosse mesmo Paraty. Paraíso literário, emendou.

Agora, sete anos depois, na décima edição da FLIP, convidado a substituir Le Clézio - Nobel francês também marcado pela geografia -, Vila-Matas voltou ao poema e quis repetir o deslumbramento causado pela primeira leitura. "Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra,/ Ao luar e ao sonho, na estrada deserta, / Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco / Me parece, ou me forço um pouco que me pareça / Que sigo por outra estrada, por outro sonho por outro mundo, / Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter, / Que sigo, e que mais haverá em seguir senão não parar mas seguir?"

As primeiras frases do poema dão a toada de um percurso literário vagabundo, mas ancorado na nostalgia do isolamento. E foi ao Japão buscar a palavra que melhor define um ser solitário. Hikikomori. O protagonista de Dublinesca é um hikikomori que quer ter muito que contar. Cansado dessa sua condição, faz-se à estrada para Dublin, no Bloomsday, à procura dos caminhos de James Joyce. Mais do que uma viagem pela cidade, Samuel Riba, o catalão que se intitula o último editor livreiro, preenche os seus dias de tédio com este projecto de viagem. Ir, como o condutor do Chevrolet, porque "que mais haverá em seguir senão não parar, mas seguir?"

Uma café em Praga, uma queijaria no Porto

Se uma das grandes características da obra de Vila-Matas é a intertextualidade, ela reflecte-se no que se poderia chamar uma inter-territorialidade. A palavra existe? Em tratando-se de Vila-Matas há permissão para sair do convencional. E é assim que, num livro sobre um editor catalão fictício e um escritor irlandês real, a geografia não se limita às duas cidades europeias. Nunca há um lugar só e em Dublin cabe um atlas. Não se estranha que Nova Iorque esteja em Dublinesca. É um dos lugares recorrentes, até pelos afectos. Foi o destino da outra grande viagem de Riba. E Londres, uma descoberta na rota para a Irlanda, com o ex-editor já contaminado pelo anedotário irlandês de alvo apontado a Inglaterra. "Agora, enquanto vai muito, mas mesmo muito lentamente deixando para trás a sua ressaca, reafirma-se já na sua velha ideia de que quem viu Nova Iorque e este agitado mar irlandês, tem forçosamente de olhar com sentimento de superioridade e estupefacção Londres e acabar por vê-la como Brendan Behan, naquele dia em que, ao compará-la com lugares muito melhores, a viu como uma grande tarte espalmada de subúrbios e tijolo vermelho, com uma passa no meio que seria West End."

Já se pode ver que pegar nos livros, nas crónicas, nas entrevistas de Enrique Vila-Matas e traçar um projecto de viagem a partir das referências que vai dando é um trabalho homérico, coisa para várias vidas. Tanto se está num café em Praga, numa praça em Paris, numa livraria em Barcelona, num bar no Faial. Pode ser numa queijaria no Porto ou no interior de um táxi em Madrid. Podem ser também todos os sítios de W.G. Sebald, em Os Anéis de Saturno. O catalão cobiçou o talento do escritor alemão mas também se tomou de amores pela paisagem biográfica que Sebald trouxe para esse livro: a costa Leste de Inglaterra. Se é lento, também é voraz este viajante. Segue num avião para Roma, onde se surpreende com o descaso das hospedeiras quando um rapaz se estende no corredor a ler um romance da chilena Isabel Allende. E lá vem a farpa quando confessa não saber o que o indigna mais, se o lugar escolhido para a leitura, ou a própria leitura. Foge. Quer perder-se no bairro literário de Gonçalo M. Tavares, autor que, em Diário Volúvel, o catalão compara a uma figura saída de um romance de Queneau. "Tenho-o ao meu lado e, por muito real e bom amigo que seja, não consigo evitar que me recorde um homem desenhado. E creio que se tivéssemos aqui absinto, até essa bebida também parecia desenhada. tavares, jovem talentoso português, está a apresentar o seu livro O Senhor Brecht aos jornalistas de Barcelona. Ao lado, tomo notas para o meu diário." E dali até ao Chiado é só uma frase de distância e não tarda está a falar do pontapear ternurento das crianças à estátua de Pessoa da Brasileira. E se há fado por Lisboa, e um mar que é de inferno em Cascais, no qual se ensaiam suicídios, ouve-se tango em Buenos Aires, com ou sem Borges. E em La Plata começaria uma história que tinha tudo para ser simples, não fosse uma mudança de casa. "Encontrava-me exactamente em metade desse parágrafo quando fui amavelmente intimado a desligar o computador. Não esquecerei o momento em que a velha casa da ficção - mais de trinta anos nela, sempre sentado diante a mesma secretária - começou a iniciar a sua deslocação para outro âmbito. Irremediavelmente. O fim de uma época. Apenas havia a esperar que a vida continuasse para além do velho apartamento junto ao Parque Guell". É assim que fala o escritor em Ar de Dylan, o livro mais recente de Vila-Matas. E, mais uma vez, não se sabe até que ponto é Vila-Matas essa personagem. Ele, o verdadeiro, suga lugares como quem "rouba" uma frase a um livro de outro autor. Basta que lhe falte a inspiração e vai à biblioteca como quem apanha um avião. Há-de encontrar por aí o mote, "o prazer intelectual" que descobriu, por exemplo, na Eslovénia. "O país tem dois milhões de habitantes, ar alpino a descer verticalmente em busca do mar. Pequeno país poético e sedutor, fronteiriço com a Itália, Áustria, Hungria e Croácia." Dois milhões de habitantes para 200 editoras, pasma.

Projecte-se, então, um atlas na parede, coloquem-se pontos nos sítios de Vila-Matas, e a teia é tão extensa quanto a sua escrita. Olhe-se o conjunto e desfaçam-se dúvidas. Barcelona, Paris, Nova Iorque (onde um dia quis chorar na Grand Central Station), mesmo Lisboa, destacam-se, a bold nesse mapa-mundo.

Viagem como exílio

A lógica, se fosse para aqui chamada, mandaria que se começasse não pela estrada de Sintra, mas por Barcelona, onde o autor nasceu em 1948. "Nasci em Barcelona e sou escritor", resumiu-se a si mesmo. Em Da Cidade Nervosa, uma compilação de crónicas publicadas na imprensa, Enrique Vila-Matas descreve a relação com a "sua cidade". Diz que é o que ela fez dele. São de Barcelona os nervos de que fala. São dela também muitos prodígios fracassados. Ela é a "Madame Bovary das cidades do mundo", onde tudo é efémero. E entre o irónico e o nostálgico, vê-se andando. "Caminho pela cidade e o que penso vai desenhado um trajecto mental construído pelos meus próprios passos. É um modo de andar que serve para melhor inventar a minha solidão", escreve numa crónica avulsa de qualquer livro. Um contrasta com a atitude do burlesco coleccionador de frases do autocarro 24. "Há já muitos anos que faço de espião acidental no autocarro da linha 24 que sobe a calle Mayor García, em Barcelona. Tenho em casa um arquivo de gestos, frases e conversas escutadas através do tempo nesse trajecto de autocarro, e creio mesmo que poderia escrever um romance tão infinito como aquele que Joe Gould queria fazer sobre Nova Iorque, pois roubei e registei todo o tipo de frases soltas, conversas invulgares, situações disparatadas."

É o início de A Modéstia, conto que integra o livro Exploradores do Abismo. Mas é em Diário Volúvel que mostra o quanto está zangado com a Barcelona actual. "Ao longo destas notas, interrogo-me sobre a minha actual relação conflituosa com Barcelona, cidade que me parece insuportável e esmagadora desde que as hordas de turistas a inundam insultuosamente. No entanto, a cidade goza de uma excelente saúde e fama no estrangeiro. Não será porque a minha relação com Barcelona dura há demasiado tempo e a vi excessivamente e o meu cansaço dos políticos daqui e de todo o desastre generalizado que creio sentir na minha cidade têm origem na enorme fraternidade doméstica que tenho com ela? Não sei, sinto a necessidade de outras vozes e de outros âmbitos. Vejo no exílio a única possibilidade de um dia voltar a apreciar Barcelona ou, no mínimo, de deixar de me sentir permanentemente mal-humorado com o que aqui se passa. Gostaria de me converter nesse Turgueniev que aparece em Os Demónios de Dostoiesvski e que tanto divertia precisamente Borges: um Turgueniev que, desesperado com o horror da Rússia, vai viver para a Alemanha e, quando regressa e lhe querem falar de política russa, responde que precisa de pensar em assuntos mais importantes: no sistema sanitário de Baden-Baden."

Se esse auto-exílio acontecesse não seria o primeiro na vida de Vila-Matas. Esse ocorreu tinha ele 20 anos, em 1968, quando se fixou em Paris em protesto contra o regime de Franco. Aprendeu essa cidade e nunca mais deixou de a contar nos seus livros, nas suas crónicas, nas entrevistas. A relação começou de modo tão literário que quase parece uma grande mentira: Enrique Vila-Matas foi viver para um quarto no prédio onde morava a escritora Marguerite Duras. Começou a deixar-lhe bilhetes, pedindo conselhos de escrita, e ela ia-lhe dando respostas. O episódio é explorado no livro Paris Nunca se Acaba, sobre a chegada à capital francesa de um jovem catalão, aspirante a escritor, que vai morar para o prédio onde vive Duras e lhe pede conselhos de escrita. Parece a repetição do argumento real. Em parte é. É um dos casos mais exemplares desse espelho com algumas distorções que é a obra de Vila-Matas.

E Paris passou a ter os lugares de culto, o Café de Flore, a esplanada do Café Perec, o Hotel de Sully, o Hotel de Suède (dos muitos hotéis da vida de Vila-Matas), Montparnasse, a livraria La Hune. "Fixei o olhar na montra da La Hune e ali estavam expostos vários livros do escritor que mais odiava no mundo. Felizmente, pude continuar a olhar para a montra porque esses livros partilhavam o espaço com uma magnífica e grande reprodução de A Noiva Posta a Nu pelos seus Solteiros, ainda..., o enigmático vidro duplo de Marcel Duchamp, pintado a óleo e dividido horizontalmente em duas partes idênticas por um fio de chumbo."

O enigma da identidade autor/narrador/personagem também persiste. Agora outra vez em Exploradores do Abismo, com a voz sempre conjugada na primeira pessoa, questiona: "Inspecciono as primeiras linhas do meu caderno vermelho. Foram escritas no dia 1 de Setembro do ano passado: "Amanhece no meu quarto de janelas altas quando, ao estrear este caderno de notas vermelho ou diário que escreverei em Barcelona e outras cidades nervosas, me interrogo qual É o meu nome, quem escreve, e ocorre-me que o meu quarto é como uma cavidade craniana donde surjo como um anfitrião inventado..."

Deneuve em Saint-Sulpice

Que seja então essa voz a anfitriã desta viagem sempre inacabada, que é a volta a mundo de Vila-Matas. E pode muito bem ser que se limite só ao quarto, como no livro de Xavier de Mestre, Viagem à Volta do Meu Quarto. Ele, ou a voz dele, é o anfitrião que também não se cansa de esperar por Deneuve sempre que está na esplanada do Café Perec. O mesmo que, em Janeiro de 2006, nessa Praça de Saint-Sulpice, no tal café, "espiava horas a fio o que ali se podia ver Tentativa de Esgotar um Lugar Parisiense, não o que já tinha sido catalogado antes ou inventariado dessa praça, "mas o que geralmente não se anota, o que não se nota, o que não tem importância: o que se passa quando não se passa nada, excepto tempo, gente, automóveis e nuvens"". E conclui essa voz anfitriã: "O que se passa quando não se passa nada será sempre um bom título para um livro, que alguém um dia escreverá." Entra depois numa igreja, mesmo ali. Não pela missa mas pelo que nela se vai tocar, "o magistral Monsieur Roth", um virtuoso, no órgão.

E volta à esperar por Deneuve. Ela vive ali, em Saint-Sulpice, e não seria tão improvável mirá-la, "mas mais uma vez ela não aparece". São os lugares e as suas rotinas. "Surpreende-me, um pouco mais tarde, ler na revista Lire que Vargas Llosa também vive nessa praça, tem um duplex num edifício do século XVIII: "Neste bairro, sinto-me como em casa. É um bairro muito literário. Umberto Eco também vive na praça. Há quinze anos que espero ver Catherine Deneuve, mas ela nunca aparece." Nesse momento, aparece Deneuve. Fico mudo de surpresa e pergunto-me se, durante um momento, Deneuve não foi o que se passa quando não se passa nada".

O desconcerto a preencher o vazio que todos os escritores temem. Daí a escrita. Daí também a surpresa dos lugares, mesmo os mais impessoais, como os quartos de hotel. Outra fixação em Vila-Matas. Neles, sobre eles, a partir deles, transformou os tais pedaços de real de que é caçador ou coleccionador. Ele, como o homem do autocarro 24. Em quartos de Paris, Nova Iorque, Buenos Aires, Lisboa, ou no seu quarto de sempre, em Barcelona. "Aqui estou no meu quarto habitual, onde me parece ter estado sempre. Como tantas outras manhãs da minha vida, encontro-me em casa a escrever." E foi em casa, muito perto dela, que colocou a acção de Ar de Dylan, sobre um homem que aspira ao fracasso, mas que tem um dos principais sucessos na livraria Bernat, calle Buenos Aires. O lugar existe, o homem do fracasso talvez. Chama-se Vilnius, é catalão, viveu em Madrid, mas regressou a Barcelona, "uma cidade do Mediterrâneo conhecida pelos seus Jogos Olímpicos", com a sua memória "plenamente barcelonesa". Sempre a auto-biografia. Diz Vilnius ao escritor que o narra - que é impossível imaginar não ter o rosto de Enrique Vila-Matas: "Estou há vários meses em Barcelona, instalado no Hotel Littré, que foi inaugurado não há muito tempo no número 3 da Rua Buenos Aires, em frente da livraria Bernat. O hotel é dirigido por um hindu, Shekar, antigo chefe de pessoal do Littré de Paris, o lugar onde sempre me hospedei quando ia a essa cidade. Evidentemente, veio-me mesmo a calhar esta inesperada reprodução do Littré parisiense num bairro tão encantador de Barcelona. Às vezes permite-me imaginar que vivo em França, e ainda por cima cobram-me a tarifa mais reduzida possível".

Paris pode muito bem viver em Barcelona. Haja imaginação e referências. Se Paris nunca se Acaba é uma espécie de alegoria ao famoso romance de Hemingway, Paris é uma Festa, este Ar de Dylan vagueia entre a aspiração à fama em Hollywood e o fracasso como derradeira escolha. A escolha do espaço não é alheia ao plot. Hollywood, metáfora de ilusão, Barcelona, a cidade que se vendeu ao turismo, fracassando na sua essência. Algo que só os de casa notam, não necessariamente no óbvio. O fracasso não mora na cadeira de rodas onde se senta Montse, a dona da livraria Bernat, mas na angústia com que Vilnius atravessa a rua para chegar ao hotel. Ela, Montse, é o centro do bairro para onde se mudou o narrador, e onde se instalou Vilnius, o fracassado. Ela era a dona das histórias, e que escritor resiste a isso? Ela foi capaz de ampliar a sua livraria comprando a sex-shop do lado. O bom da escrita, como da viagem, é o encontro com figuras como a desta mulher. Reveladoras, certeiras.

Que seria da literatura de Vila-Matas sem todos os lugares que a povoam? Claustrofóbica. Não a imensa teia onde o limite é seguir.

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