Michael Seufert, o estudante de engenharia que se queixava demais chegou a deputado

Elegeu a direita pelo "discurso mais condizente com a realidade" e acredita que no CDS pode fazer a diferença. É deputado desde 2009, estudante "há tempo a mais" e "cromo dos computadores"

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Ele é aquela pessoa a quem a família liga quando os computadores deixam de funcionar sem qualquer motivo aparente e a quem os colegas de bancada recorrem na Assembleia da República quando “os computadores, os iPhones ou os Blackberrys não ligam à rede wireless”. Ser “cromo dos computadores” - a definição é do próprio – é, definitivamente, uma das facetas mais visíveis de Michael Seufert, deputado do CDS desde 2009.

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Ele é aquela pessoa a quem a família liga quando os computadores deixam de funcionar sem qualquer motivo aparente e a quem os colegas de bancada recorrem na Assembleia da República quando “os computadores, os iPhones ou os Blackberrys não ligam à rede wireless”. Ser “cromo dos computadores” - a definição é do próprio – é, definitivamente, uma das facetas mais visíveis de Michael Seufert, deputado do CDS desde 2009.

O interesse pela política surgiu relativamente cedo, mas só nos tempos de faculdade se tornou mais activo. Um amigo acusava-o de estar "sempre a queixar-se" e desafiou-o a dar o passo em frente. Foi assim que surgiu a inscrição no CDS, em 2004, depois de já fazer parte da Juventude Popular (JP), da qual foi líder entre 2009 e 2011. 

Marcou-o um livro de memórias de Freitas do Amaral, “que curiosamente já nem pertence ao partido”, e, quando lhe perguntam se tem ídolos políticos, fala de uma admiração particular por Churchill (“aguentou a Europa no momento certo”) e por Alexandre Herculano, uma figura com um “pensamento liberal e de acreditar nas pessoas”. 

Escolheu a direita porque foi lá que identificou um “discurso mais condizente com a realidade”. No CDS encontrou um partido onde, “por ser mais pequeno, é mais fácil fazer a diferença e debater as questões com serenidade”.

A faculdade em modo pause

A chegada ao Parlamento implicou uma alínea nova na “biografia” que Michael Seufert disponibiliza no Twitter, plataforma onde é bastante activo: “Finalista de engenharia electrotécnica há tempo a mais”. O deputado sorri e explica: “Estava a começar a tese de mestrado quando fui eleito e nunca mais me dediquei. Portanto, sou finalista há demasiado tempo.”

Michael Seufert acredita que faz parte de uma geração que, "fatalmente, vai cada vez mais criar o seu próprio emprego e não andar à procura na indústria ou noutros sectores". É por isso que elegeu o tema empreendedorismo como uma das suas "pastas" na AR - é relator temático na educação para o empreendedorismo. Para ele, é importante que vão sendo introduzidos "pequenos apontamentos de como viver no mundo da inovação" nas escolas e depois nas universidades. "Ninguém aprende a ser empreendedor, mas há ferramentas muito úteis", opina. 

No parlamento, é um dos (poucos) representante das ciências exactas e de um pensamento mais prático que, acredita o jovem de 29 anos, “faz falta”. “Temos uma política com muito boas intenções e achamos que ela vai produzir determinado efeito. Mas produz mesmo? É verificável?”, exemplifica.

Com mais ou menos representantes, não foi com estranheza que o deputado estudante de Engenharia foi recebido no parlamento. O mesmo não se pode dizer em relação ao nome, que suscita algumas dúvidas. “Tive dúvidas, se devia dizer ‘Micael’, à portuguesa , ou ‘Maikel’?”, disse Jaime Gama ao dar a palavra ao deputado na sua primeira intervenção na Assembleia da República, em 2009. “Não, é ‘Michaele’, o meu pai era alemão.”