Torne-se perito

Ciúmes na origem de homicídio seguido de suicídio no Cadaval

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No Tribunal do Cadaval já havia queixas anteriores da vítima

Desempregado matou ex-companheira que se encontrava grávida de sete meses, feriu os pais desta e depois enforcou-se

Passavam poucos minutos das 22h de domingo quando Maria de Jesus se sobressaltou com os gritos provenientes de uma casa no fim da sua rua, na freguesia de Pêro Moniz, Cadaval. Aos pedidos desesperados de socorro acorreram outros moradores da zona e a GNR, chamada pela vizinha. Aberta a porta do número 11 da Rua dos Irmãos revelou-se mais uma tragédia: uma mulher grávida de sete meses estava morta, esfaqueada. Perto, em estado considerado grave, jazia o seu pai. A mãe, que foi quem deu o alarme, também sofreu ferimentos. O suposto homicida apareceu enforcado algumas horas mais tarde.

"Isto foi uma coisa de ciúmes. Ela [Magda, de 22 anos] já o tinha deixado há algum tempo e agora vivia com um guarda, de quem estava grávida", contou a vizinha Maria de Jesus, salientando que na zona "não há memória de uma coisa assim". "A senhora gritava tanto que eu até pus o telefone no ar para a GNR ouvir", conta ainda a mulher, referindo-se ao desespero da mãe da vítima.

O que parece haver memória é de receios das vítimas já antes contados ao Tribunal do Cadaval. A vizinha Maria de Jesus disse que, de acordo com os irmãos da vítima, esta já teria apresentado queixa do antigo namorado, o qual a costumava ameaçar depois de esta o ter abandonado. "Pelos vistos ninguém fez caso", relata a mulher que primeiro se terá apercebido da tragédia.

Maria de Jesus, narrando a tragédia com base "no que ouviu dizer" ,dá ainda a entender que os crimes da noite de domingo terão sido premeditados. "Ele [o suspeito] entrou por um sítio e saiu por outro, sem ninguém dar por nada", acrescentou.

A consternação atinge ainda maiores proporções quando se sabe que o feto, com sete meses, também não sobreviveu aos golpes de faca desfechados pelo suspeito, um homem de 29 anos, sem ocupação definida, residente num lugar próximo. "Pouco sei dele. Acho que não fazia nada. Diz-se por aí que andava muito com o padrasto, um homem que agora está preso em Leiria por causa do roubo do cobre", conta José Carlos Rêgo, outro morador de Pêro Moniz.

Quase nove horas depois do crime da Rua dos Irmãos, a GNR e uma brigada da PJ haveriam de ser chamados a um armazém localizado no Casal do Minhoto. Neste sítio, a cerca de um quilómetro do local do crime, estava o suspeito - enforcado.

O pai de Magda seria transportado pelos Bombeiros Voluntários do Bombarral para o Hospital de Torres Vedras, onde se encontra em estado considerado grave. Livre de perigo parece estar a mãe da vítima.

No ano passado, em Portugal e de acordo com os dados do Relatório Anual de Segurança Interna, contabilizaram-se 23.741 participações relativas a crimes de violência doméstica. Este número representou um decréscimo de 1385 ocorrências (5,5%) relativamente aos casos denunciados em 2010.

Das 44 tentativas de homicídio que os diversos órgãos policiais contabilizaram no ano passado na sequência de investigações de violência doméstica, há a registar a morte de 27 mulheres. Os motivos passionais, muitas vezes associados ao consumo excessivo de álcool, estiveram na origem da maior parte destes crimes.

Este ano há oito mortes de mulheres às mãos dos maridos e companheiros. Há também registo da morte de um homem, em Viseu. A vítima, um imigrante ucraniano, foi esfaqueado pela companheira, da mesma nacionalidade, a qual se tornava particularmente violenta sempre que bebia.

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