Prospecções de gás natural em Alcobaça começam em Julho

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As perfurações decorrem a 750 metros do Mosteiro de Alcobaça NUNO FERREIRA SANTOS

Alcobaça poderá ter seis milhões de metros cúbicos de gás natural junto ao mosteiro. Empresa dos EUA já gastou milhões

A empresa texana Mohave Oil and Gas Corporation, que já opera em Portugal desde 1992 na prospecção de petróleo e gás, vai intensificar a sua actividade em Alcobaça realizando trabalhos de perfuração até aos três mil metros de profundidade num estaleiro que está a ser montado a 750 metros do mosteiro.

As obras estão autorizadas pela Direcção-Geral de Energia e Geologia, pelo Igespar (Instituto de gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) e pela Câmara de Alcobaça, cujo presidente, Paulo Inácio, foi o último a dar luz verde e só após a realização de uma sessão pública em que a empresa explicou a natureza dos trabalhos. Estes vão começar em Julho e prolongam-se por quatro meses a fim de confirmar a convicção dos técnicos da empresa de que no subsolo da cidade existem reservatórios com volumes que podem atingir os seis milhões de metros cúbicos de gás natural e que, a serem explorados, poderão representar uma produção contínua durante dez anos.

Arlindo Alves, director-geral da empresa, disse ao PÚBLICO que a Mohave Oil já gastou 90 milhões de euros em actividades de prospecção, sobretudo na região oeste. O indício de que poderão estar próximos de uma jazida é revelado por este número: 40 desses 90 milhões foram gastos só em 2011 na actividade recente nos arredores de Alcobaça.

O mesmo responsável disse que as probabilidades de sucesso são da ordem dos 30%, o que, neste sector, é um valor suficientemente alto para justificar uma obra que vai decorrer 24 horas por dia durante quatro meses e para a qual serão necessários entre 150 e 300 trabalhadores.

Além das inevitáveis alterações ao trânsito da cidade, Arlindo Alves diz que não haverá outras perturbações resultantes desta actividade que, basicamente, consiste em fazer chegar uma sonda a três quilómetros de profundidade para averiguar da quantidade de gás existente.

E quanto a uma eventual exploração continuada daquele produto a escassos metros do Mosteiro de Alcobaça? Neste aspecto, Arlindo Alves é mais cauteloso e diz que "tecnicamente tal é possível", dando o exemplo de Roterdão, Turim e Los Angeles, que retiram gás natural em pleno centro da cidade. Uma actividade que exigiria mais autorizações das entidades públicas e Estudo de Impacto Ambiental.

Na sessão pública, o presidente da câmara lamentou que nestes sectores seja o Estado a receber a totalidade dos royalties (receitas pagas pelas empresas petrolíferas), ao contrário do que acontece no Brasil cuja legislação é, neste aspecto, mais generosa para os municípios.

A Mohave Oil tem sido uma das empresas mais persistentes em prospecção de petróleo e gás em Portugal. Arlindo Alves diz que todas as bacias sedimentárias têm potencial, destacando a região de Torres Vedras e Alcobaça, mas igualmente as bacias sedimentárias do Algarve, Alentejo e Peniche.

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