Fazil Say, o pianista polivalente

O músico turco regressa ao CCB para interpretar um programa que vai de Haydn a Zimmermann

Fazil Say não é apenas mais um pianista virtuoso de técnica espectacular entre os muitos que circulam no actual panorama internacional. É um músico polivalente que se habituou a improvisar desde a infância, que também se aventura no mundo do jazz (toca regularmente no Montreux Jazz Festival) e que tem uma carreira de compositor com encomendas crescentes. As suas abordagens interpretativas nem sempre são consensuais, mas o seu carisma e forte poder de comunicação com o público são indiscutíveis. Esta noite, às 21h, está de regresso ao CCB com um ambicioso programa que exige enormes recursos técnicos do intérprete, mas também uma grande profundidade na abordagem do discurso musical.

A morte e a tragédia encontram-se nas raízes da maior parte das peças seleccionadas para o recital, que se inicia com a Sonata 1.X.1905, de Leos Janacék, composta em memória de um jovem falecido nos confrontos de reivindicação nacionalista que procuravam afirmar a identidade checa perante o domínio do Império Austro-Húngaro. Segue-se Sonata n.º7, op. 83, de Prokofiev (a mais famosa da série de Sonatas de Guerra do compositor, composta entre 1939 e 1942) e o Andante com Variações Hob.XVII:6 (1793), de Haydn, escrito para a pianista Barbara von Ployer, mas possivelmente inspirado pela memória de Marianne von Genzinger, um dos grandes amores do compositor. Na segunda parte, Fazil Say apresenta uma obra raramente tocada devido à sua extrema dificuldade - Enchiridion, (Parte II), do alemão Bernd Alois Zimmermann (1918-1970), um conjunto de "exercícios devocionais" que variam entre a tocata enérgica e a meditação contemplativa e que revelam o fervor religioso do compositor - e os exuberantes Três Andamentos de Petrouchka, de Stravinsky.

Nascido em Ancara em 1970, Fazil Say estudou piano e composição na Turquia antes de ser contemplado com uma bolsa de estudo aos 17 anos que lhe permitiu trabalhar com David Levine no Robert Schumann Institute de Düsseldorf. Prosseguiu a sua formação em Berlim e iniciou uma brilhante carreira internacional. Na área da composição, escreveu várias obras concertantes para violino e piano e grandes composições corais sinfónicas, bem como bandas sonoras para filmes turcos e japoneses. A sua premiada discografia como pianista inclui música de Bach, Haydn, Mozart, Beethoven, Gershwin e Stravinsky.

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