Inês Lobo vai comissariar presença portuguesa na Bienal de Veneza

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Inês Lobo define o arquitecto como "um não especialista", "um produtor de soluções para problemas" dr

DGA tem menos 145 mil euros para Itália do que em 2010. Quer mostrar "o nível elevadíssimo" da arquitectura portuguesa

A arquitecta Inês Lobo (n. Lisboa, 1966) foi escolhida pela Direcção-Geral das Artes (DGA) para ser a comissária da representação portuguesa na 13.ª Bienal de Arquitectura de Veneza, a decorrer entre 29 de Agosto e 25 de Novembro.

A decisão foi confirmada ao PÚBLICO pelo director-geral das Artes, Samuel Rego, que disse que a escolha foi feita "em diálogo institucional com a Ordem dos Arquitectos". Ainda segundo Samuel Rego, a DGA desafiou a arquitecta formada na Universidade Técnica de Lisboa a "reunir um painel de intervenientes que assegurem uma representação abertamente plural" do panorama da arquitectura portuguesa.

Inês Lobo não quis comentar a nomeação, por não ter ainda a sua confirmação oficial. Mas está convidada a escolher, durante o mês de Abril, e em diálogo com a DGA, um painel de arquitectos e outros profissionais ligados à arquitectura que expressem a interdisciplinaridade e a relação desta com outras disciplinas e com a própria sociedade. Este será, de resto, o tema dominante desta edição da Bienal italiana, com 41 países participantes e cujo comissário-geral, o arquitecto inglês David Chipperfield, escolheu como mote a expressão Common ground ("território comum").

Orçamento de 200 mil euros

O orçamento será de 200 mil euros, menos cerca de 145 mil euros do que na última edição, em 2010, e menos de metade de 2008. A exposição será montada, pela última vez, no pavilhão que o país tem alugado, até final deste ano, o Fondaco Marcello, um antigo armazém de gôndolas junto ao Grande Canal.

Samuel Rego nota que a presença portuguesa tem este ano de seguir "um formato já preestabelecido e contratualizado". Mas considera "prematuro" estar a falar agora no modelo a implementar para o futuro, quando terminar o aluguer do espaço. "Estamos concentrados em que a representação portuguesa esteja à altura do nível elevadíssimo que a nossa arquitectura atingiu em todo o mundo", refere. E que mostre também "a importância do retorno económico" que este reconhecimento tem para o país. Nesse sentido, o pavilhão a conceber por Inês Lobo deverá reflectir a presença da arquitectura portuguesa, em obra mas também em projectos, em países como o Brasil e os Estados Unidos, mas também na Ásia.

Inês Lobo tem um atelier de arquitectura com o seu nome em Lisboa, criado em 2002. É também professora de Projecto no Departamento de Arquitectura da Universidade Autónoma de Lisboa. Iniciou a sua carreira, nos anos 90, com um estágio profissional no atelier de João Luís Carrilho da Graça. No final dessa década, e durante três anos, esteve associada ao arquitecto Pedro Domingos.

No seu currículo, conta com primeiros prémios em vários concursos públicos. Entre os seus projectos estão intervenções em espaços do Palácio Nacional da Ajuda, a nova Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, a reabilitação da antiga Fábrica dos Leões - Complexo de Artes e Arquitectura da Universidade de Évora, uma banda de casas na Urbanização Bom Sucesso - Design Resort, em Óbidos. Tem também a requalificação de escolas em Aveiro, Leiria e Coimbra, todas no âmbito da Parque Escolar.

Numa conferência em Matosinhos, no final do ano passado, Inês Lobo definiu a profissão de arquitecto como a de "um não especialista; é um construtor e um produtor de soluções para os diversos problemas que lhe são colocados".

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