Subsolo dos EUA pode armazenar 100 anos de emissões de CO2

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O armazenamento de CO2 iria aumentar o custo da queima de carvão Joel Saget/AFP (arquivo)

Ruben Juanes, do Massachussets Institute of Technology, em Cambridge, nos EUA, e os colegas que foram autores do artigo publicado nesta segunda-feira partem do princípio que a passagem dos combustíveis fósseis para os combustíveis verdes será gradual nos EUA. Em particular, a utilização de carvão para a produção de electricidade, responsável por 40% do CO2 emitido a nível mundial, é demasiado barata para que seja abandonada nas próximas décadas.

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Ruben Juanes, do Massachussets Institute of Technology, em Cambridge, nos EUA, e os colegas que foram autores do artigo publicado nesta segunda-feira partem do princípio que a passagem dos combustíveis fósseis para os combustíveis verdes será gradual nos EUA. Em particular, a utilização de carvão para a produção de electricidade, responsável por 40% do CO2 emitido a nível mundial, é demasiado barata para que seja abandonada nas próximas décadas.

Uma alternativa para mitigar o aumento das emissões de CO2 é armazenar este gás – um dos principais gases que provocam o efeito de estufa – em aquíferos salinos, ou seja, em reservatórios subterrâneos de água carregados de sal.

Já se sabe que estes aquíferos têm uma boa capacidade para guardar o CO2, mas os números actuais sobre a capacidade de armazenamento destes aquíferos nos EUA vão desde cinco anos de emissões até vários milhares de anos.

A nova investigação teve em conta a reacção das partículas, a possibilidade do gás provocar pressões debaixo da terra que causem falhas sísmicas na crosta ou que permitam a libertação do CO2 de volta para a superfície.

“Começámos por uma série de equações complicadas para a circulação dos fluidos, e depois simplificámos [o mecanismo]”, disse Christopher MacMinn, outro autor do estudo, num comunicado. Quando o CO2 entra em contacto com a água salgada, dissolve-se, tornando o fluido mais denso, o qual se afunda nestas cavidades subterrâneas. “Assim que o CO2 é dissolvido, ganha-se o jogo”, simplificou Juanes. Este líquido mais denso dificilmente volta a escapar para a superfície. Os cientistas aplicaram estas equações a 11 aquíferos nos EUA.

Uma outra variável que foi tida em conta no estudo foi a velocidade com que se injecta o CO2. A dissolução do gás na água é lenta, e um fluxo excessivo pode aumentar a pressão nos aquíferos, pondo em perigo a sua utilização.

Os Estados Unidos já têm uma longa experiência em injectar CO2 debaixo de terra para rentabilizar o processo de extracção em explorações petrolíferas. Mas o armazenamento do CO2 em aquíferos salinos não é tão bem visto já que vai aumentar o custo dos combustíveis fósseis. Apesar de este factor não ser discutido no artigo, há especialistas que defendem a necessidade de implementar uma taxa para as emissões de carbono para tornar esta alternativa rentável.

“Acho realmente que a captura e o armazenamento de carbono têm um papel a desempenhar”, afirma Juanes. “Não é a salvação, é uma ponte, mas pode ser essencial porque aborda de facto [o problema] das emissões derivadas do consumo de carvão e gás natural.”