Estado passou a ser proprietário de todo o mosteiro de Rendufe

Compra custará 800 mil euros, a pagar em oito prestações anuais. Edifício vai integrar a rota dos mosteiros em espaço rural

O Estado português adquiriu, na semana passada, a ala norte do Mosteiro de Santo André de Rendufe, em Amares, passando a ser proprietário de todo o conjunto patrimonial ali existente. O anúncio foi ontem feito pelo secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, que se deslocou ao local para anunciar também que a requalificação do imóvel avançará já no próximo Verão, passando o antigo templo beneditino a integrar a Rede de Mosteiros em Espaço Rural de Entre Douro e Minho.

O negócio agora consumado custará ao Estado 800 mil euros, que serão pagos em prestações anuais de cem mil euros, adiantou ao PÚBLICO a directora regional de Cultura do Norte, Paula Silva. A ala agora adquirida estava nas mãos de privados desde 1834 e encontra-se em adiantado estado de degradação, pelo que a prioridade é agora a consolidação dos espaços arruinados e a limpeza das áreas cobertas por silvados. Ontem, o secretário de Estado pôde ficar a conhecer a impressionante estrutura abobadada do imóvel, assente em galerias de arcos perfeitos.

"No estado em que o edifício está, nem sequer é ainda possível ter uma ideia do que aqui vai ter que ser feito. Mas vamos começar a trabalhar no projecto de restauro e estamos à procura de parceiros públicos e privados", disse Paula Silva ao PÚBLICO. A directora regional adiantou que o destino do imóvel deverá passar por uma utilização ligada a actividades culturais e eventualmente relacionada com o vinho verde da região.

No próximo Verão, a ala anteriormente ocupada pelo refeitório, que já pertencia ao Estado, deverá começar a ser intervencionada para dar lugar a um espaço para conferências e outras iniciativas culturais. A obra, a concluir ainda este ano, está orçada em 130 mil euros e complementará o investimento em curso na reabilitação da igreja, do coro alto e do claustro.

Classificado como imóvel de interesse público desde 1943, o Mosteiro de Rendufe terá começado a ser edificado ainda no séc. XII, contando com um notável conjunto de talha dourada em estilo rococó na actual igreja, de fachada simétrica e com duas torres sineiras, a qual é uma reconstrução do século XVIII. Parte do imóvel foi destruída por um incêndio após a extinção das ordens religiosas e a subsequente divisão da propriedade.

De acordo com Paula Silva, as obras que arrancam este ano vão permitir a inclusão do mosteiro de Amares na Rede de Mosteiros em Espaço Rural de Entre Douro e Minho, Este produto de turismo cultural e religioso já começou a ser comercializado por agências espanholas e a directora regional de Cultura acredita que se trata de um circuito com potencial de crescimento, em ligação com Santiago de Compostela.

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