Putin festeja vitória clara "numa luta aberta e honesta"

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Segundo os dados avançados pela Comissão Eleitoral Central, Putin recolhia até àquele momento, 64,39 por cento dos votos. Em segundo lugar surge, a grande distância, o candidato comunista Gennadi Ziuganov, com 17,13 por cento das preferências, seguido pelo milionário Mikhail Prokhorov (6,97%) e pelo líder populista Vladimir Jirinovski (6,71%).

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Segundo os dados avançados pela Comissão Eleitoral Central, Putin recolhia até àquele momento, 64,39 por cento dos votos. Em segundo lugar surge, a grande distância, o candidato comunista Gennadi Ziuganov, com 17,13 por cento das preferências, seguido pelo milionário Mikhail Prokhorov (6,97%) e pelo líder populista Vladimir Jirinovski (6,71%).

A margem da vitória de Putin é superior à prevista na projecção divulgada pelo instituto estatal VTsIOM após o fecho das urnas (58,3%), mas ainda assim dentro do que tinha sido previsto pelas sondagens antes das eleições, então numa margem entre os 59% e os 66%.

O primeiro-ministro e antigo Presidente (entre 2000 e 2008) vê, assim, garantido o seu regresso ao Kremlin já à primeira volta – agora para um mandato de seis anos, ao fim do qual pode ainda voltar a recandidatar-se, permanecendo no poder até 2024, por um período quase tão extenso quanto aquele em que José Estaline esteve à frente dos destinos da União Soviética.

Muito antes de a contagem estar concluída, Putin dirigiu-se à multidão que se juntou frente ao Kremlin para festejar a sua reeleição. “Prometi-vos que iriamos ganhar e ganhámos”, disse o ainda primeiro-ministro, que surgiu no palanque ao lado de Dmitri Medvedev, que lhe sucedeu na presidência e agora deverá assumir a chefia do Governo.

Emocionado, o homem forte do Kremlin disse que esta foi uma vitória clara “numa luta aberta e honesta”. Os eleitores “não deixaram destruir o Estado russo”, afirmou, numa alusão às manifestações que se seguiram à vitória do partido Rússia Unida nas legislativas de Dezembro, que a oposição considera fraudulentas.

Apoiantes e opositores

“Eu estou aqui porque não quero que Putin ganhe”, explicou Ekaterina, psicóloga de profissão, que cumpria uma das missões de observação da Liga de Eleitores, na estação de voto da escola da rua Storaia Seolitsnaia, no bairro de Socolnitza. “Não gosto de Putin. Não passará!”, acrescentou ela, sentada junto à enorme urna de plástico transparente.

À medida que os eleitores entregavam os boletins, Ekaterina fazia cruzinhas numa folha de papel, para no fim poder confirmar o número de eleitores. Para já, ainda não detectou nenhuma irregularidade. Mas o momento crítico será a contagem, a que ela tenciona assistir. “Se vir algo suspeito, tenho aqui um número para onde devo telefonar. Advogados da Liga virão imediatamente, bem como artistas, que farão um filme sobre o que se passar, para que todos fiquem a saber”.

“Eu votei Ziuganov [o candidato comunista]”, disse, à saída do Centro Cultural da Juventude de Sokolnitza, e também espontaneamente, Anton Jelecov, um estudante de Relações Públicas com 21 anos. “A minha família é comunista, e eu sigo a tradição. Os comunistas de hoje defendem um regime diferente do soviético, com igualdade entre as pessoas, mas também com liberdade”.

Já dois reformados que votaram na escola de Ulitza Barbolina, ainda que tenham saudades dos tempos comunistas, escolheram o multimilionário moderno Mikhail Prokhorov, também segundo confissão voluntária.

“Nos tempos da União Soviética, as datchas (casas de férias) não tinham cercas. Agora têm muros de pedra”, recorda Ekaterina Kuzniet, de 65 anos. E diz ainda que “nesses tempos, as pessoas eram todas iguais. Não havia ricos nem pobres. Agora, as diferenças são enormes, uns têm tudo, outros não têm nada”.

No entanto, ela e o marido saíram de casa para vir votar no bilionário Prokhorov, cuja campanha eleitoral consistiu em anúncios televisivos onde figuras do mundo do showbiz, da televisão e do desporto apareciam levantando um polegar e dizendo: “Prokhorov. Gosto!”, como no Facebook.

“Votamos nele porque é uma cara nova”, explicou Ekaterina. “Os outros já os conhecemos e já estamos fartos deles”. O casal vota em todas as eleições, porque considera isso “uma oportunidade de manifestar livremente a opinião”. Já o faziam mas eleições dos tempos soviéticos. “Ah, mas essas eram muito mais animadas. Eram uma festa”.

Putin vencera as presidenciais de Março de 2000 com 53,4% dos votos, num sufrágio que foi antecipado após a retirada inesperada do então chefe de Estado russo Boris Ieltsin. Quatro anos mais tarde obtinha a recondução ao Kremlin com um esmagador triunfo por 71%.

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