Mulheres entregaram carta para tentar salvar Asia Bibi

O próximo passo é um encontro com as embaixadoras de países estrangeiros em Portugal para sensibilizar mulheres que aceitem subscrever a carta enviada ao Presidente do Paquistão e que já foi assinada por quase 250 mulheres portuguesas e de vários países lusófonos. Desde ontem à tarde, a carta está também disponível como petição pública em www.peticaopublica.com/pi=P2012N20175.

A carta, entregue anteontem ao final da tarde à embaixadora do Paquistão em Portugal, Humaira Hasan, tem como objectivo apelar à amnistia de Asia Bibi, uma cristã paquistanesa condenada à morte por blasfémia. De acordo com o relato de Asia Bibi, publicado no livro Blasfémia, esta mulher trabalhava no campo quando precisou de beber água. Recorreu a um poço que seria destinado apenas a mulheres muçulmanas, sendo imediatamente acusada de blasfémia por algumas delas.

"É inaceitável, chocante e inadmissível este tipo de situações, no século XXI, por motivos religiosos", disse ao PÚBLICO Manuela Ramalho Eanes, dinamizadora da iniciativa, depois da audiência com a embaixadora. O encontro, diz a antiga primeira-dama, foi muito animador. "A embaixadora explicou que a carta pode ajudar" o Presidente paquistanês.

Manuela Eanes está optimista, pois nunca ninguém foi executado naquele país por blasfémia e porque já há várias outras movimentações para conseguir a amnistia de Asia Bibi. Pouco antes do Natal, por exemplo, também o Parlamento Europeu votou uma resolução sobre a situação das mulheres no Paquistão e Afeganistão que chama a atenção para necessidade de investir em programas educacionais.

Eurodeputadas das diferentes famílias políticas assinaram a carta, que foi também subscrita pela presidente e várias deputadas da Assembleia da República, pelas ministras Assunção Cristas e Paula Teixeira da Cruz, por judias e muçulmanas, escritoras e jornalistas, advogadas e economistas. Na lista, estão ainda as mulheres de Nelson Mandela e Xanana Gusmão, respectivamente Graça Machel e Kirsty Sword Gusmão. Também Maria Barroso e Maria José Ritta estão entre as subscritoras.

A carta, entretanto remetida ao Presidente Asif Ali Zardari, sublinha que as signatárias, "professando credos religiosos diversos" ou "sem opção religiosa", estão "convencidas de interpretar o sentimento e a posição ética de um sem-número de mulheres" pedindo que Bibi não seja executada. E recorda que o Paquistão assinou tratados e convenções internacionais que tal execução poria em causa.

Sugerir correcção