Muitas alegrias, algumas lágrimas e a célebre "porcaria"

Nas últimas três décadas foram vários os jogos que marcaram o futebol português pelo carácter decisivo que tinham para a selecção nacional. O golo de Carlos Manuel, em Estugarda, ou o "chapéu" de Rui Costa ao guarda-redes irlandês, na Luz, são exemplos de noites épicas em que no final os portugueses saíram a sorrir. Mas também há o inverso: alguém consegue esquecer o francês Marc Batta ou a "porcaria" de Queiroz?

Após a histórica vitória de Portugal na Alemanha na qualificação para o Mundial 86 com o grande golo de Carlos Manuel, a equipa nacional entrou numa fase negativa e até 1999 foram mais os dissabores do que as alegrias. Após o "pesadelo" de Saltillo, Portugal não conseguiu intrometer-se na luta pela qualificação para o Euro 88 e Mundial 90. No entanto, em 1991, discutiu até ao fim com os holandeses o apuramento para o Europeu da Suécia e no penúltimo jogo da fase de grupos foi a Roterdão a precisar de um ponto. Contra a "Laranja Mecânica" de Gullit, Van Basten e Rijkaard, a equipa treinada por Carlos Queiroz perdeu com um golo de Witschge e hipotecou as hipóteses de seguir em frente.

Carlos Queiroz voltou a liderar a selecção na qualificação para o Mundial 94 e no último jogo foi a Milão disputar um lugar nos Estados Unidos. Um golo de Dino Baggio, aos 83", colocou um ponto final nas aspirações portuguesas e ainda no relvado Queiroz disse a frase que ficou na história do futebol nacional: "É preciso varrer a porcaria que há na federação."

Dois anos mais tarde, foi António Oliveira que comandou Portugal no apuramento para o Euro 96 e na última partida a selecção recebeu a Rep. Irlanda. Um empate bastava, mas apesar do dilúvio em Lisboa Portugal fez uma exibição soberba e derrotou os irlandeses por 3-0. Rui Costa liderou a equipa e marcou um grande golo.

O actual director desportivo do Benfica voltou a ser protagonista, dois anos depois, de mais um momento marcante. Porém, dessa vez, as lágrimas substituíram os sorrisos. Em Berlim, Portugal precisava de derrotar a Alemanha e Pedro Barbosa, aos 70", colocou a selecção nacional na frente. No entanto, quatro minutos depois, quando Artur Jorge pretendia substituir Rui Costa por Abel Xavier, entrou em campo Marc Batta. Perante a incredulidade de todos, o árbitro mostrou o segundo amarelo ao médio e a Alemanha aproveitou a vantagem para empatar e afastar Portugal do Mundial de França.

Na última década os jogos mais marcantes têm sido disputados nas fases finais e, excluindo a "tragédia grega" na final do Euro 2004, o "carrasco" português foi sempre o mesmo: a França de Zidane, nas meias-finais do Euro 2000 e Mundial 2006.

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