Do Louvre a Nova Iorque: a história de amor de Nan Goldin

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"Swan Like Embrace", Nan Goldin, Paris, 2010 NAN GOLDIN/CORTESIA DA MATTHEW MARKS GALLERY

Imaginem o Louvre fechado, as galerias vazias, as obras de arte libertas finalmente das multidões, o silêncio absoluto. É assim todas as terças-feiras, dia em que o museu parisiense fecha as portas. E era às terças-feiras que uma mulher - a fotógrafa norte-americana Nan Goldin - era autorizada a entrar. Durante dias inteiros, Nan Goldin percorria as galerias, olhava os quadros, e fotografava.

Ao princípio, contou numa entrevista ao "New York Times", tinha uma sensação próxima do terror. "Não achava que tivesse as qualificações necessárias para estar ali. Não sou uma historiadora de arte e praticamente não fui à escola. Deixei o liceu. Frequentei a escola de arte, mas foi nos tempos em que isso significava estar sentada cá fora num carro a pedrar-me", explica a fotógrafa de 58 anos, que vive em Paris desde 2000.

Mas a proximidade com a arte do Louvre começou a transformar o terror inicial numa "experiência sensual". Ajudada pelo amigo e também fotógrafo Fred Jagueneau, Nan aproximava-se dos quadros com uma escada e fotografava.

O resultado deste trabalho - que partiu de uma ideia do encenador Patrice Chéreau - foi mostrado no ano passado no Louvre e está agora na Matthew Marks Gallery, em Nova Iorque. Chama-se "Scopophilia", e pode ser visto até 23 de Dezembro.

O que Nan Goldin fez no Louvre foi pôr fotografias suas - de amigos e amantes, sexo, drogas e violência - ao lado de pormenores dos quadros. E deixou as imagens contaminarem-se, num "slideshow" de 25 minutos que era visto ao lado das obras que o tinham inspirado. Agora, Nan mostra apenas as fotografias e o filme. O que ela descobriu é, explica o "New York Times", que "as obsessões artísticas [de Nan Goldin] têm sido centrais para a história da arte ocidental e para a iconografia ligada à religião e aos mitos - sexo, violência, raptos, desespero, e a natureza escorregadia dos géneros."

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