Torne-se perito

Funcionários das lojas Bulhosa com salários em atraso

Os funcionários das sete livrarias Bulhosa, na zona da Grande Lisboa, ainda não receberam os salários que deveriam ter sido pagos no final do mês passado. A situação tem vindo a ser denunciada por alguns trabalhadores numa página do Facebook, criada por uma ex-colaboradora da empresa.

"De há uns dois anos para cá, temos sempre recebido com atraso, às vezes no dia 8, às vezes no dia 10, mas o prazo tem vindo a dilatar-se e este mês já vai em mais de 20 dias", disse ao PÚBLICO um funcionário da Bulhosa, cuja cadeia de livrarias foi adquirida em 2005 pelo grupo Civilização.

A situação é sensivelmente idêntica nas quatro livrarias Leitura que a empresa detém no Porto e também na própria editora Civilização.

Uma fonte da administração reconheceu ao PÚBLICO estes atrasos na regularização dos vencimentos, atribuindo-os à quebra de vendas, mas, sobretudo, à dificuldade da empresa em conseguir fazer-se pagar atempadamente pelos seus clientes. "O Estado não paga a tempo e horas e ninguém está a pagar nada a ninguém", afirma, acrescentando que "só o que a editora tem a receber do seu maior cliente, o Continente, bastaria para pagar os salários em atraso". Obstáculos aos quais se soma um cada vez mais dificultado acesso das empresas ao crédito bancário.

"Vemos o que se passa à nossa volta e todos nós temos consciência de que a situação é gravíssima", diz o funcionário da Bulhosa, afirmando que só o silêncio da administração levou os trabalhadores a decidirem divulgar publicamente a situação em que se encontram. "O que pretendemos é que a administração fale connosco abertamente e nos explique com que é que podemos contar", afirma. "A página no Facebook foi", diz, "um grito de desespero".

A fonte da administração garante que "a maioria dos trabalhadores" está contra "esta campanha" e argumenta que "as notícias nos jornais só irão agravar o problema". Lamenta ainda que estes protestos públicos - que afirma terem sido desencadeados por uma funcionária a quem não foi renovado, há alguns meses, o contrato de trabalho - estejam a surgir "justamente quando o pior já passou e se está a aproximar o Natal", um período em que as vendas previsivelmente subirão e a empresa "poderá levantar um pouco a cabeça".

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