A Brejoeira saiu do armário e o vinho está bom

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Há marcas de vinhos que, embora sejam muito conhecidas, acabamos por remeter para um canto do nosso esquecimento. O Alvarinho Palácio da Brejoeira é uma delas.

É uma marca histórica dos vinhos verdes, das poucas da região com notoriedade internacional, a que não é alheia a monumentalidade e espessura histórica do palácio, situado em Pinheiros, junto a Monção. O Palácio da Brejoeira tem tudo o que é preciso para fazer uma grande marca e um grande vinho: tem uma (longa) história, um edifício imponente, classificado como monumento nacional desde 1910, jardins, bosques (8 hectares) e vinhas (18 hectares de Alvarinho). Uma propriedade destas em França era um negócio colossal.

No entanto, o Palácio da Brejoeira parece que enquistou e se deixou cobrir de pó, fechado entre os grandes muros da propriedade. A quinta nunca perdeu a sua imponência aristocrática, mas o vinho foi perdendo prestígio, remetido a um papel de coisa rica, cara e velha, e fora de moda. Pelo menos no mercado interno.

Pode ser só uma impressão, mas parece ser evidente que, pelo menos entre as revistas do sector, o Palácio da Brejoeira tem andado um pouco esquecido. O facto de o palácio (desde 1930 na posse da família de Hermínia de Oliveira Paes, a accionista principal da sociedade anónima que detém e explora o monumento) ter estado durante muito tempo fechado ao público também não ajudou. Durante décadas, o vinho foi o negócio exclusivo do palácio, mas, a partir de meados de 2010, a sociedade passou a dedicar também atenção à promoção do património, abrindo finalmente, ao fim de dois séculos, a quinta a eventos e visitas.

Ou seja, o Palácio da Brejoeira saiu do armário. O vinho mantém a mesma imagem e também o preço alto, talvez o mais elevado de todos os Alvarinho que não passam pela madeira. Esta garrafa, da colheita de 2009, custou-nos 17,39 euros numa garrafeira do hipermercado Continente.

E como está o vinho? Bem melhor do que o esperado. O preço pode não ser muito atractivo, mas, a avaliar por esta colheita, o Palácio da Brejoeira Alvarinho continua a ser um belo vinho. No aroma, já tem umas ligeiras e deliciosas notas de evolução, aliadas a sugestões mais frescas. Tem um bom volume de boca e é muito elegante e mineral. Só é pena ser um pouco fugaz no final. Se tivesse um pico maior de acidez, para o prolongar, seria ainda melhor. Mas as suas virtudes são mais do que suficientes e deixaram-nos a sensação amarga de termos andado demasiado tempo arredados deste vinho (se fosse um pouco mais barato também ajudava).

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