A colecção de arte dos Stein chega a Paris

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Gertrude Stein com a sua inseparável Alice Toklas na casa da Rue de Fleurus: o primeiro museu de arte moderna do mundo

O Grand Palais de Paris vai inaugurar, a 5 de Outubro, a exposição "Matisse, Cézanne, Picasso... The Stein Family", uma vasta escolha da colecção de obras de pintores modernistas que Gertrude Stein e os seus irmãos reuniram nas primeiras décadas do século XX. Patente, até ontem, no Museu de Arte Moderna de São Francisco, a colecção da família Stein estará em Paris até Janeiro de 2012, regressando depois aos EUA, para ser mostrada no MoMA de Nova Iorque.

Filha mais nova de um abastado casal de judeus germano-americanos, Gertrude Stein nasceu na Pensilvânia, em 1874, mas, desde criança, passou várias temporadas na Europa. Em 1903, radicou-se definitivamente em Paris, instalando-se, com um dos seus irmãos, Leo Stein, no n.º 27 da Rue des Fleurus, na margem esquerda do Sena. Outro irmão Stein, Michael, também se estabeleceu em Paris com a sua mulher, Sarah. E Alice B. Toklas, que viria a tornar-se a companheira inseparável de Gertrude, mudar-se-ia para a casa da Rue des Fleurus em 1907.

Nesses primeiros anos em Paris, os Stein tornar-se-iam os grandes promotores e mecenas de um grupo de artistas de vanguarda, entre os quais se contavam Picasso - que fez um famoso retrato de Gertrude -, Matisse, Juan Gris ou Georges Bracque, entre muitos outros. E Leo Stein, que se tornaria um respeitado crítico e coleccionador de arte, comprou um impressionante conjunto de obras de artistas como Cézanne, Renoir e Manet, que já então via como os grandes pilares da arte moderna. Com as paredes cobertas de óleos e aguarelas de Cézanne, de telas de Manet, Renoir, Gauguin e Toulouse-Lautrec, e ainda de alguns dos primeiros trabalhos de Matisse e Picasso, pode bem dizer-se que a casa da Rue des Fleurus foi o primeiro museu de arte moderna do mundo.

Mas o círculo de amizades da família Stein não se circunscrevia às artes plásticas. A própria Gertrude era uma escritora de vanguarda - deve-se-lhe a célebre asserção, depois citada e parodiada por inúmeros autores, de que "Uma rosa é uma rosa é uma rosa" - e recebia regularmente em sua casa Ezra Pound e James Joyce, Scott Fitzgerald e Hemingway. A última secção desta exposição reúne os retratos e as homenagens que lhe foram dedicados por diversos artistas, incluindo, além de Picasso, Man Ray, Picabia e muitos outros.

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