Quando eles desistem da corda ao pescoço

Em Dezembro de 1998, por entre risos e aplausos, o príncipe Claus van Amsberg (1926-2002), marido da rainha Beatriz da Holanda, deu nas vistas ao apelar numa cerimónia pública para que os homens se libertassem "da corda que lhes prende o pescoço", tendo em seguida atirado a sua própria gravata para o chão. A partir de então, "deixou de se usar gravata no palácio", escrevia o New York Times em obituário, em Outubro de 2002. "Apesar de tudo, ele voltou a usar gravata em público", acrescentava o Independent.

Nos EUA, uma sondagem da Gallup, citada pelo Wall Street Journal, dava conta do decréscimo no uso de gravatas: o número de homens que as usava todos os dias era de 6% em 2007, contra 10% em 2002. Steve Jobs, o patrão da Apple, é quase sempre visto de camisola e calças de ganga. Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, também. De resto, como lembrava um artigo da Newsweek de Junho do ano passado, o hábito de prescindir de fato e gravata à sexta-feira nas grandes empresas (casual Friday) ganhou força nos EUA no fim dos anos 90 por influência do estilo descontraído adoptado pelas empresas tecnológicas da Califórnia.

No Reino Unido, uma sondagem feita pela BBC concluiu que os espectadores não gostam de ver os repórteres de camisa aberta, mesmo que estejam em cenários de guerra, noticiou o Guardian em Fevereiro deste ano. Em Portugal, Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, é um dos poucos líderes políticos que raramente são vistos de gravata. E o jornalista José Alberto Carvalho, ao apresentar o Telejornal da RTP1 sem gravata, em 2007, abriu um precedente, mas não colheu seguidores. B.H.

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