Steve Paxton numa conferência "preciosa"

Um dos mais influentes bailarinos e coreógrafos contemporâneos dá hoje uma conferência, na Culturgest, em Lisboa. Uma oportunidade rara de ouvir Steve Paxton

É uma oportunidade rara: Steve Paxton, bailarino, e um dos mais influentes coreógrafos e investigadores de dança da segunda metade do século XX, está hoje na Culturgest, às 18h, para uma conferência/demonstração com entrada livre, organizada pelo Centro Em Movimento (C.E.M.) em parceria com a Culturgest. É o regresso de Paxton a Portugal, depois de em 1999 se ter apresentado no Centro Cultural de Belém.

"Actualmente as suas deslocações são cada vez mais raras e, assim, mais preciosas", nota a organização, destacando a importância desta "oportunidade única de aprendizagem e partilha no convívio com este grande artista, pela sua humanidade, coerência e clareza".

Paxton, nascido em 1939 em Tucson, no estado do Arizona, nos Estados Unidos, iniciou a sua carreira com estudos em diversas áreas, desde as técnicas de ballet e dança moderna, passando pelas artes marciais orientais aikido e tai chi chuan, até à meditação vipassana, que acabaram por influenciar o seu trabalho ao longo dos anos.

Em 1972, iniciou um "sistema de movimento" inovador, hoje tido como a sua mais importante contribuição para o desenvolvimento da dança contemporânea: a contact improvisation, ou contact improv (contacto-improvisação, em português), uma forma de dança improvisada, baseada na comunicação entre dois corpos em movimento, ou em "diálogos físicos espontâneos, que vão da quietude a trocas altamente energéticas", como descreve Paxton num texto publicado na página da Contact Quarterly, uma revista sobre dança, improvisação, performance e movimentos artísticos contemporâneos, da qual é editor.

Sempre na vanguarda dos movimentos pós-modernos norte-americanos, Paxton foi um dos membros fundadores do Judson Dance Theatre, nos anos 1960, grupo de que fizeram parte artistas como Yvonne Rainer, Trisha Brown ou Fred Hurko. No início da mesma década, actuou ainda com as companhias dos coreógrafos José Limón e Merce Cunningham. Nos anos 1970, esteve entre os fundadores do grupo de dança e performance nova-iorquino Grand Union, que nasceu de uma peça de Yvonne Rainer.

Steve Paxton é actualmente editor da revista Contact Quarterly, conferencista, performer e professor nos Estados Unidos e na Europa.

Há quatro décadas que o coreógrafo estuda o corpo e o movimento "desfazendo barreiras entre o bailarino e o não bailarino e elaborando práticas que continuam a constituir matéria fundamental na organização do trabalho de corpo", como a já referida contact improvisation, mas também um sistema mais recente a que chamou "material for the spine".

Este último sistema é objecto de um curso promovido pelo C.E.M. durante a deslocação de Paxton a Lisboa, no âmbito do FC Verão, o 8º Curso Internacional de Artes Performativas, em parceria com o Fórum Dança.

Material for the spine é um sistema de dança iniciado por Paxton em 1986 e que toma como centros do movimento a cabeça, a coluna e a pélvis. Em 2008, este sistema inspirou o lançamento do DVD Material for the spine. A movement study, com a associação ContreDanse.

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