Angola interessada em navios que a Marinha portuguesa encomendou aos Estaleiros de Viana do Castelo

Foto
Expectativa nos estaleiros

O presidente dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo classificou de "muito positiva" a visita, ontem, do comandante da Marinha de Angola e adiantou que aquele país africano está "potencialmente interessado" na aquisição de navios militares. A visita do almirante Augusto da Silva Cunha realizou-se a convite do chefe do Estado-Maior da Armada portuguesa, almirante Saldanha Lopes, "no contexto das relações existentes entre as Marinhas de Angola e de Portugal, bem patenteadas nos intercâmbios realizados nas áreas operacional e da formação".

A visita foi organizada pela Empordef, a holding das indústrias de defesa nacionais que detém os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).

O presidente do conselho de administração do maior construtor naval português, Carlos Veiga Anjos, adiantou ao PÚBLICO que o militar angolano tomou contacto com os projectos em curso para a Marinha portuguesa, nomeadamente, os navios de patrulha oceânica (NPO) e as lanchas de fiscalização costeira. "Fizemos uma apresentação dos projectos. Agora vamos ver os passos seguintes", afirmou.

Apesar de nada ter ficado definido, foi equacionada a possibilidade de uma delegação da empresa se deslocar a Angola, ou mesmo de uma representação da Marinha angolana regressar à empresa para aprofundar as negociações.

A concretizar-se um negócio com o Governo angolano, representaria a entrada dos ENVC na área da construção de sofisticadas embarcações militares. Uma aposta que a administração já tinha assumido aquando da entrega do primeiro NPO, de um total de oito encomendados pela Armada Portuguesa.

Na ocasião, Veiga Anjos reforçou "a grande vantagem" da construção destes navios pelo know-how adquirido pelos estaleiros, constituindo uma alavanca para a conquista de novos mercados internacionais.

"Será importante para montarmos uma máquina comercial capaz de vender estes navios a outros países que tenham também costas com uma certa extensão e que tenham necessidade de se defender", sustentou na altura.

A visita oficial a Portugal do comandante da Marinha angolana, que terminou em Viana, realizou-se cerca de quatro meses depois de o secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, Marcos Perestrello, ter efectuado uma visita de trabalho a Angola. Na ocasião, os dois Governos assinaram em Luanda um memorando de entendimento para a cooperação entre os dois Estados no processo de preparação de delimitação das fronteiras marítimas e extensão da plataforma continental de Angola.

Sugerir correcção