Fundo de investimento detido por bancos nacionais compra três empresas têxteis

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O sector dos têxteis passou a ter um novo líder PAULO RICCA

Entrada de capital de risco evita falência das empresas situadas no norte do país e que no total facturam mais de 100 milhões de euros e empregam 2000 trabalhadores

O Fundo de Reestruturação (FR), detido pelos principais bancos nacionais, incluindo a Caixa Geral de Depósitos, e que conta ainda com uma participação directa do Estado de oito por cento, acaba de concretizar a compra de três empresas de têxteis-lar: a Coelima, a António Almeida & Filhos e a José Machado Almeida. Esta aquisição, que estava a ser preparada há algum tempo, permite "salvar" as três unidades da falência e criar o maior grupo no segmento dos têxteis-lar, que passa a estar agrupado na MoreTextile, uma holding comum.

A MoreTextile é detida em 85 por cento pelo fundo e os restantes 15 por cento são detidos pelos actuais accionistas das empresas, que desta forma não se desvinculam totalmente do negócio, apurou o PÚBLICO junto de fonte oficial.

O FR, que conta já com mais de uma dezena de empresas no seu portfólio (ver texto em baixo), não exclui a aquisição de outras empresas no sector têxtil, desde que se enquadrem na sua filosofia de actuação, explicou ao PÚBLICO fonte oficial. No caso das empresas agora adquiridas, o FR não adianta os valores de aquisição, nem o investimento que eventualmente possa ser necessário realizar. Também não foi revelado o montante de dívidas acumuladas junto dos bancos (que em alguns casos também são os subscritores do fundo) e outras entidades públicas e privadas.

O FR é um veículo de capital de risco, com uma dotação orçamental de 740 milhões de euros, e está vocacionado para realizar investimentos em empresas "em dificuldades financeiras, cujos créditos junto do Estado português ou de instituições financeiras já tenham sido objecto de imparidades [reconhecimento de perdas]". A gestão está confiada à ECS capital, sociedade gestora de fundos de capital de risco, criada em 2006 por António de Sousa (actual presidente da Associação Portuguesa de Bancos) e por Fernando Esmeraldo.

Fonte oficial do FR adiantou ao PÚBLICO que "o principal objectivo da operação é garantir a viabilidade das empresas em causa, que estavam ameaçadas devido à situação financeira e às dificuldades de mercado decorrentes dos constrangimentos da procura, da concorrência dos países asiáticos e da subida exponencial dos custos de produção".

As três empresas, que facturam mais de 100 milhões de euros e que garantem 2000 postos de trabalho, vão ter uma gestão integrada, através da MoreTextile, mas, pelo menos numa primeira fase, vão manter as estruturas industriais autónomas. Os sindicatos temem que este negócio possa implicar redução de postos de trabalho, hipótese que não está excluída.

Duas das empresas, a Coelima e António Almeida & Filhos, são de Guimarães, e fabricam roupa de cama, e a José Machado Almeida está localizada em Santo Tirso e está especializada na produção de felpos. A criação do megagrupo têxtil vem destronar a Lameirinho na liderança do sector. A fileira dos artigos para o lar exportou 570 milhões de euros em 2010.

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