O casamento real

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É estranho ir a um casamento para o qual não se foi convidado. Vê-lo, sem se ser obrigado, ainda mais. Mas lá vamos e vemos muitos, incluindo eu, no minuto-a-minuto, daqui a (ou já há um) bocadinho do PÚBLICO online. Todos nós temos a nossa desculpa.

Tenho conseguido evitar, mais por tédio do que por cortesia, o casamento de William com Catherine. Acho que todos, fora alguns americanos maníacos, preferiríamos que eles se pudessem casar em paz, sem serem observados.

Fala-se muito do espírito moderno do casal mas, hoje em dia, moderno, moderno seria terem-se casado em segredo, convidando apenas as pessoas de quem gostassem (poucas), sem quaisquer convites por dever ou obrigação.

E eis que meto o bedelho onde não deveria meter. Quem sou eu para sugerir que um par de pessoas deveriam casar-se como eu, que nada tenho a ver com isso, acho que seria mais proveitoso para a monarquia portuguesa, para a monarquia em geral e, sem o mínimo direito para pronunciar-se, sobre a monarquia britânica (que nem sequer britânica é)? Ninguém.

Em inglês, o royal e o real não se confundem. São quase antónimos. Em português, por alguma antiga razão, a realeza e a realidade confundem-se e até se substituem, com proveito para ambos os sentidos.

Confessemos que o casamento de hoje não só não nos diz respeito como nos interessa atavicamente. Há uma contradição. Há uma desconfiança. Mas há, também, uma saudável indiferença que, sem querer, dá sorte ao casal.

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