BRICS reúnem-se para reforçar cooperação com novo membro

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Os cinco países querem mais protagonismo no Banco Mundial e no FMI JASON LEE/REUTERS

Na primeira cimeira com a presença da África do Sul, as nações emergentes vão procurar alternativas ao dólar e reforçar posições

Antes era apenas BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), agora juntou-se um "S" (de South Africa, África do Sul). Os cinco países emergentes que compõem o grupo dos BRICS reúnem-se hoje na ilha chinesa de Hainan, com uma agenda clara: reforçar a cooperação, procurar alternativas em relação ao dólar e ganhar peso nas principais instituições mundiais.

Segundo a imprensa internacional, os líderes dos BRICS deverão chegar hoje a acordo sobre a extensão de linhas de crédito denominadas nas suas próprias moedas, um movimento que irá aumentar os receios sobre as ambições da China em tornar a sua moeda (o iuan) numa alternativa ao dólar americano.

No topo da agenda da cimeira, a primeira que contará com a presença do novo membro do grupo (a África do Sul), está também o reforço da cooperação económica e política entre os cinco países, de modo a ganharem crescente protagonismo no Banco Mundial e no Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Brasil, que tem defendido a necessidade de um acordo para evitar uma "guerra cambial", poderá também avançar com uma proposta: o uso de uma moeda própria nas trocas comerciais entre os BRICS. A ideia seria ampliar a utilização dos SDR, os títulos emitidos pelo FMI com base num cabaz de moedas (dólar, euro, iene e libra), incorporando a moeda brasileira (o real) e a chinesa (o iuan), de modo a criar uma espécie de moeda para o comércio mundial.

O risco seria uma preponderância excessiva do iuan nas trocas comerciais, o que favoreceria ainda mais a China, que goza de um forte excedente comercial e é frequentemente acusada de manter subvalorizada a sua moeda, de modo a beneficiar as exportações. O Governo chinês garantiu já que a valorização do iuan não será um dos temas discutidos na cimeira dos BRICS, mas é provável que a Índia, o Brasil e África do Sul aproveitem o encontro para confrontar a China com os desequilíbrios nas suas trocas comerciais com a segunda maior economia mundial.

A maior economia africana

A cimeira de hoje será a primeira a contar com a presença da África do Sul, que se juntou aos BRIC depois de ter sido convidada pela China, no final do ano passado. Se fosse pela importância económica, dificilmente o país africano mereceria um lugar no grande grupo dos emergentes.

Com um PIB de 265 mil milhões de euros, a África do Sul apresenta um crescimento fraco quando comparada com os outros BRIC (3,5 por cento) e, apesar de ser a maior economia africana, é pouco maior do que a sexta província mais rica da China.

Mas, mesmo sem a importância económica dos seus novos parceiros, a África do Sul tem algo que de todos eles precisam para alimentar a sua expansão: matérias-primas. Além disso, permitirá alargar o raio de influência dos BRIC a um novo continente e colocará a China, o Brasil, a Rússia e a Índia em contacto com a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, composta por 15 Estados, entre os quais Angola (um dos maiores produtores de petróleo do continente), Moçambique (com reservas gigantes de carvão) ou a Zâmbia (maior produtor africano de cobre). De acordo com Jim O"Neill, o economista que, em 2001, inventou a sigla BRIC, estes países deverão ultrapassar os EUA em 2018.

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