Câmara do Porto admite ter ficado ainda a dever dinheiro a Filipe La Féria no Rivoli

Autarca garantiu que produtor não ficou a dever nada no final do contrato de comodato para o Rivoli

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, garante que Filipe La Féria não ficou a dever nada à autarquia pela exploração do teatro Rivoli durante quatro anos e admite, inclusivamente, o contrário - que o município pode até estar em dívida para com o produtor lisboeta.

"Ele teve um comportamento correcto. Já respondi que pagou tudo e não ficou a dever nada à câmara - até pode ter sido o contrário", admitiu Rui Rio, anteontem à noite, durante uma sessão da Assembleia Municipal do Porto. O presidente da câmara tinha sido instado pela oposição a prestar esclarecimentos sobre a situação do teatro Rivoli e, em concreto, sobre o fim do contrato de comodato com Filipe La Féria.

Rui Rio insistiu que a presença de La Féria no Rivoli, quando comparada com "o modelo anterior", se traduziu numa poupança que ronda os 2,5 milhões de euros por ano. "Ele es- teve lá quatro anos e o montante [da poupança] não terá chegado aos 10 milhões", avaliou Rui Rio. Nas contas do autarca, foram cerca de "nove milhões, que estão investidos nos bairros sociais".

Actualmente, garantiu Rui Rio, "quem quiser pode ir" para o teatro Rivoli, existindo um contrato-tipo que, na sua perspectiva, é até "algo mais vantajoso", do ponto de vista dos produtores, do que aquele que foi celebrado com Filipe La Féria.

Na sua intervenção sobre o Rivoli, a deputada municipal do Bloco de Esquerda Ada Pereira da Silva aludira a notícias sobre a degradação e até alterações estruturais no edifício. Rio também lhe respondeu, vincando: "Quanto ao equipamento, ele está muito melhor do que há quatro anos."

Os deputados municipais confrontaram o presidente da câmara com outros temas da área da cultura. A CDU, através de Belmiro Magalhães e Artur Ribeiro, insistiram para que Rui Rio intercedesse junto do Governo, no sentido de se garantir a recuperação do Palácio do Conde do Bolhão, já iniciada, mas não completada. Para este fim, está previsto o dispêndio de um milhão de euros, sendo que 700 mil estão disponíveis através de apoios comunitários e os restantes 300 mil terão de ser avançados pelo Governo português.

"Há 700 mil euros do QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional], só faltam 300 mil euros. O que peço é: intervenha junto do Governo para se arranjarem os 300 mil euros em falta", apelou Artur Ribeiro, estendendo o apelo à bancada socialista na assembleia. Rui Rio respondeu que não lhe "custa nada apelar". Ainda segundo o deputado da CDU, as obras deviam ter começado em Janeiro. Mas, apesar não terem arrancado, isso não anula a disponibilidade dos fundos europeus.

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