Madrid acelera investigações sobre crianças roubadas

A Justiça espanhola acelerou nos últimos dias as investigações sobre as queixas apresentadas por centenas de cidadãos relativas a alegados roubos de crianças após o nascimento ocorridos desde os anos 50 do século passado.

Depois do fiscal geral do Estado - equivalente ao procurador-geral da República, em Portugal - ter nomeado um magistrado para coordenar as investigações que se realizam em várias comarcas do país, foram dadas ordens expressas para que nenhum processo seja arquivado enquanto não se desenvolverem todas as investigações policiais.

Ontem, perante seis magistrados do Ministério Público de Madrid começaram a prestar declarações as primeiras testemunhas de 84 processos que já estão em investigação na capital. Segundo fontes judiciais, esta fase do processo demorará pelo menos um mês.

Cada um dos casos terá um "tratamento individualizado", embora se admita que alguns, relativos aos anos 40 a 60 do século passado, acabem arquivados por falta de dados e provas, nomeadamente de arquivos de maternidades que foram entretanto destruídos.

Também em Barcelona se iniciaram as investigações. Vítimas do roubo de crianças começaram esta semana a ser ouvidas pelos investigadores da Guardia Civil, no âmbito de 36 queixas apresentadas. As vítimas, agrupadas na Associação Nacional de Afectados por Adopções Irregulares (Anadir), consideram que entre os culpados estão "médicos, parteiras, enfermeiras, sacerdotes, freiras, funcionários do registo civil e pessoal de agências funerárias e de cemitérios". António Barroso, presidente de Anadir, considera que não há lugar à prescrição dos delitos cometidos no passado contra as crianças e os seus pais: "Na prática, são sequestros que continuaram até hoje."

À falta de arquivos e de registos fiáveis, a forma de dissipar dúvidas sobre a sorte das crianças desaparecidas e de propiciar o reencontro entre progenitores e filhos passa pelas provas de ADN. Em Sevilha, a Anadir promoveu, esta semana, a recolha de 160 mostras. O mesmo já ocorreu na localidade andaluza de La Línea.

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